Moçambique/Eleições: Estabelecimentos da indústria de álcool vandalizados e 1.200 desempregados

Maputo, (Lusa) – A indústria de bebidas alcoólicas de Moçambique estimou hoje em 1.200 o número de trabalhadores do setor que ficaram desempregados face ao vandalismo e pilhagens de cerca de 50 estabelecimentos durante os protestos pós-eleitorais.

“O setor das bebidas alcoólicas não fugiu à regra, foi bastante atingido e falamos de produtores, importadores, distribuidores, lojas de especialidades, supermercados e pequenas unidades que foram afetados pelas manifestações”, disse o diretor-executivo da Associação dos Produtores e Importadores de Bebidas Alcoólicas (APIBA), Custódio Pedro, em declarações à Lusa.

Em causa estão as manifestações e paralisações que levaram caos às ruas, situação que se agudizou após a proclamação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional (CC), em 23 de dezembro, dando vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) e a Daniel Chapo, candidato presidencial apoiado por este partido.

Segundo o diretor-executivo da APIBA, na lista das cerca de 50 estabelecimentos inclui-se as distribuidoras que viram suas infraestruturas vandalizadas e destruídas, incluindo supermercados, mercearias, bem como o setor logístico.

“Há estabelecimentos que nunca abriram desde dia 23 de dezembro e foram atingidos todos empresários do setor, desde a grande, média, pequena e micro-empresas, ninguém ficou por fora disso”, declarou o responsável.

Custódio Pedro especificou que os produtores de bebidas alcoólicas em Moçambique foram afetados pelas manifestações, tendo reduzido a sua produção, em face da impossibilidade de mobilidade dos trabalhadores.

“Os importadores também foram afetados e tiveram constrangimentos na demora do processo de desembaraço aduaneiro e para colocar o produto no local da venda”, apontou Custódio Pedro.

Face às manifestações, a Associação dos Produtores e Importadores de Bebidas alcoólicas alertou para a retirada de investimentos do setor no país, prevendo aumento de níveis de desemprego em Moçambique.

Como solução, Custódio Pedro pediu apoios ao Governo moçambicano: “fala-se de fundos de apoio de recuperação empresarial que foi de facto muito afetado. Algum tipo de isenção a nível fiscal era necessário para recuperar este setor”, pediu o presidente da APIBA.

A Confederação das Associações Económicas (CTA) estimou em 30 de dezembro que mais de 500 empresas foram vandalizadas durante as manifestações pós-eleitorais em Moçambique e pelo menos 12 mil pessoas estão agora sem emprego.

“Estas são empresas que foram vandalizadas e estão localizadas, sobretudo, na província de Maputo, onde está a maior parte do tecido industrial do país”, disse hoje à Lusa o vice-presidente do pelouro da indústria do da Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique, Onório Manuel.

Moçambique vive desde 23 de dezembro uma nova fase de tensão social, na sequência do anúncio dos resultados finais das eleições gerais de 09 de outubro, marcada por pilhagens, vandalismo e barricadas, nomeadamente em Maputo.

O anúncio dos resultados pelo CC voltou a provocar o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, nos quais morreram quase 300 pessoas, segundo organizações não-governamentais.

PYME(LN/EAC) // JMC

Lusa/Fim

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