Moçambique/Eleições: PR fala de um “renascer da esperança” na principal fronteira com África do Sul

Maputo, (Lusa) – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, visitou hoje a Fronteira de Ressano Garcia, assinalando um ambiente de “renascer da esperança” após protestos que afetaram o funcionamento da principal fronteira entre Moçambique e África do Sul nas últimas semanas.

“Deu para ver o renascer da esperança das populações e das comunidades, que nunca quiseram parar [de trabalhar face aos protestos]”, declarou à comunicação social Filipe Nyusi, durante a visita à fronteira localizada a quase 100 quilómetros do centro da capital moçambicana.

Desde o início das manifestações contra os resultados das eleições de 09 de outubro em Moçambique, confrontos entre a polícia e manifestantes naquela zona têm afetado o funcionamento da fronteira, com registo de casos de vandalização de infraestruturas e bloqueio da estrada na parte moçambicana.

Um dos casos mais graves das últimas semanas ocorreu em 13 de dezembro, quando o baleamento, em direto, de um jovem que filmava operações da polícia contra manifestantes na fronteira gerou uma revolta popular.

O jovem, produtor de conteúdos na internet, perdeu a vida no hospital e estava em direto na rede social Facebook quando foi alvejado, minutos após registar o momento em que as forças policiais dispararam para dispersar um grupo de manifestantes nas proximidades da fronteira.

Com a proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional (CC), em 23 de dezembro , os dois governos reforçaram a segurança na fronteira, com a África do Sul a destacar polícias e militares para reforçar o contingente de guardas fronteiriços, em território sul-africano, e Moçambique a anunciar “cinturões de proteção” nos corredores de escoamento de mercadorias.

Segundo o Presidente moçambicano, atualmente, a situação em Ressano Garcia voltou à normalidade.

“O movimento está bom (…) Ficou claro que o ritmo da vida está a retomar e gostaríamos que continuássemos com esta consciência (…) As populações já viram que aquele não é o caminho para resolvermos os nossos problemas (…) Algumas pessoas com as quais conversei, tinham opiniões diferentes, mas ficou claro que dá para conversarmos”, acrescentou Filipe Nyusi.

Dados da Autoridade Tributária de Moçambique, avançados em início de novembro, apontavam para prejuízos de pelo menos 5,8 milhões de euros após vários dias de condicionamento e encerramento da fronteira devido aos tumultos pós-eleitorais.

Ressano Garcia, no sul de Moçambique, é local de passagem obrigatória para várias exportações sul-africanas via porto de Maputo e para importações de produtos sul-africanos para a capital moçambicana.

Em 05 de novembro foram queimadas cinco viaturas das autoridades de fronteira moçambicana, por manifestantes que ainda vandalizaram o posto de fronteira, tendo os dois países decidido encerrar totalmente a passagem, com camiões a acumularem-se em ambos os lados.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou em 23 de dezembro Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – candidato presidencial que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

Desde 21 de outubro, quando começou a contestação ao processo em torno das eleições gerais de 09 de outubro, o registo da plataforma eleitoral Decide, uma organização não-governamental que acompanha o processo, contabiliza 277 mortos, 586 pessoas baleadas e 11 desaparecidos.

EAC // VM

Lusa/Fim

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