O drama da mulher em África

A última semana do mês de julho incluiu o dia da mulher africana e do pana-africanismo feminino. Instituída em 1962, na Conferência das Mulheres Africanas, realizada na cidade de Dar-Es-Salaam (Tanzânia), a data de 31 de julho assinala o “Dia da Mulher Africana”.

Na mesma ocasião, foi criada também a Organização Pan-Africana das Mulheres, para fomentar a partilha de experiências e a coligação de esforços para a emancipação feminina, num quadro de igualdade do gênero.

África é maioritariamente feminina, ou seja dos seus cerca de um bilhão e meio de habitantes, 51% são mulheres. Estudos da ONU apontam que nas próximas décadas o diferencial entre homens e mulheres continuará a aumentar. Não só entre os africanos, mas também em relação aos outros continentes.

Isso deve-se ao facto do crescimento populacional da África ocorrer duas vezes mais rápido que o do sul da Ásia, quase três vezes mais do que o da América Latina e cinco vezes mais que o da Europa.

De acordo com tais estudos, o que impulsiona esse crescimento é uma característica única de África: na maioria dos países africanos, pelo menos 70% dos cidadãos têm menos de 30 anos e com uma taxa de natalidade superior aos continentes citados.

Os mesmos estudos projectam para 2050 uma população mundial de dez bilhões de habitantes. Um quarto dessa população, ou seja, dois bilhões e meio estarão em África, com mulheres em maioria.

Estes factores, associados a outros específicos da mulher africana, deveriam, entretanto, impulsionar os Estados africanos a criarem políticas públicas mais consentâneas com as preocupações e necessidades dessa franja da população. O que na verdade não acontece na dimensão e profundidade desejadas.

As barreiras que interferem no crescimento da mulher africana incluem a inexistência e/ou fraca qualidade de ensino e de saúde, o casamento infantil, gravidez precoce, violência domestica, pobreza, falta de ambientes de aprendizagem e infra-estruturas inadequadas, falta de saneamento básico do meio onde vivem, muitas vezes desde tenra idade, assim como estereótipos desfavoráveis à classe feminina.

Estudos que vimos citando indicam que no quesito da educação, em África de modo geral, do total de crianças com possibilidades de frequentarem a escola, apenas 30% são meninas. Destas, quase metade não conclui sequer os primeiros cinco anos escolares .

Principais motivos apontados para tal situação, pobreza das famílias, fome, falta de envolvimento das autoridades públicas e, em alguns casos, conflitos armados.
O mesmo cenário se vive com o acesso das crianças, raparigas e mulheres adultas aos serviços de saúde.

As mulheres africanas são 130 vezes mais propensas a morrer devido a complicações na gravidez ou no parto do que as mulheres da Europa e da América do Norte. O dado foi divulgado em abril último pelo Fundo da População da ONU

Além disso, 800 mulheres morrem em África todos os dias ao dar à luz, um número que o Fundo considera preocupante e que permanece inalterado desde 2016. Cerca de 500 dessas mortes evitáveis por dia, ocorrem em países que passam por crises humanitárias e conflitos armados.

Por outro lado, com o rápido crescimento populacional já referido, África verá aumentados os desafios de superação da pobreza e da insegurança alimentar. O continente precisa de se preparar economicamente para tais desafios.

Aqui, uma vez mais, é chamada a intervenção dos Estados africanos, que devem redesenhar os seus programas de desenvolvimento, colocando no centro de tudo os cidadãos, as pessoas, incluindo as mulheres, lembrando sempre o adágio popular “quem educa uma mulher, educa uma nação”!

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