GENEBRA (Reuters) – A China solicitou um debate na Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a “turbulência comercial” e como o órgão de fiscalização do comércio global deve responder, em uma aparente referência às tarifas adotadas ou ameaçadas pelos Estados Unidos.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas, o que levou Pequim a responder com tarifas retaliatórias e a registrar uma contestação na OMC contra Washington, no que poderia ser um teste inicial da postura de Trump em relação à instituição.
A discussão na OMC, prevista para ocorrer no final desta terça-feira ou na quarta, será a primeira vez que as crescentes tensões comerciais serão formalmente abordadas na agenda do principal órgão decisório da OMC, o Conselho Geral.
Um funcionário da missão da China na OMC disse que o embaixador deverá fazer uma declaração expressando “fortes preocupações” sobre medidas unilaterais e protecionistas, sem nomear um país, e pedir aos membros que trabalhem para combater tais medidas.
Até o momento, a diretora-geral Ngozi Okonjo-Iweala pediu aos 166 membros da OMC que não retaliem em caso de tarifas, a fim de evitar guerras comerciais “catastróficas”.
Os delegados comerciais disseram que não esperam nenhum resultado imediato da reunião, mas que as reações dos países podem indicar a probabilidade de uma escalada das guerras comerciais em resposta às medidas planejadas pelos EUA.
Mais do que um ataque a Washington, alguns delegados disseram que consideraram a convocação da China para um debate mais como um esforço para se mostrar em conformidade com as regras da OMC – uma postura que pode ajudar a China a conquistar aliados nas negociações comerciais globais em andamento.
“Eles querem parecer razoáveis e responsáveis e como o melhor aluno da classe”, disse um delegado que não estava autorizado a falar publicamente.
As tensões entre as duas principais economias na OMC são muito anteriores à chegada de Trump. Pequim acusou Washington de violar as regras, enquanto Washington diz que Pequim não merece seu status de “país em desenvolvimento”, que lhe dá direito a tratamento especial de acordo com as regras da OMC.
Embora o governo Trump tenha anunciado planos para se retirar ou se desvincular de outras organizações globais, a OMC ainda não foi um dos principais focos da Casa Branca.
Entretanto, o novo representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, chamou a OMC de “profundamente falha”.
(Reportagem de Emma Farge)
Por Emma Farge