Papa Leão 14 defende que cardeais continuem legado do papa Francisco

CIDADE DO VATICANO (Reuters) – O Papa Leão 14 sinalizou neste sábado que daria continuidade à visão e às reformas do Papa Francisco, dizendo aos cardeais católicos do mundo que o falecido pontífice deixou um “legado precioso” que deve continuar.

Em seu primeiro encontro com todos os cardeais desde sua eleição como pontífice, em 8 de maio, o Papa Leão 14 também pediu aos clérigos seniores que renovassem seu compromisso com as principais reformas da Igreja promulgadas pelo histórico Concílio Vaticano II, na década de 1960.

Leão 14 disse ainda que Francisco, que morreu em 21 de abril, tinha a visão de abrir a sóbria Igreja de 1,4 bilhão de membros ao mundo moderno e deixou um “exemplo de completa dedicação ao serviço”.

“Vamos assumir esse legado precioso e continuar a jornada”, disse o novo papa aos cardeais.

O pontífice também pediu aos clérigos que “renovassem juntos nosso total compromisso” com as reformas promulgadas pelo Concílio, que incluíam a celebração da missa em línguas locais, em vez do latim, e a busca do diálogo com outras religiões.

Ele citou o foco de Francisco no “diálogo corajoso e confiante com o mundo contemporâneo em seus vários componentes e realidades”.

Francisco foi papa por 12 anos e frequentemente recebeu críticas de cardeais conservadores, que diziam que ele estava diluindo a doutrina da Igreja em questões como a inclusão de católicos LGBT e a liderança feminina.

Leão 14 — o ex-cardeal norte-americano Robert Prevost — era relativamente desconhecido no cenário global antes de sua eleição como pontífice. Ele passou a maior parte de sua carreira como missionário no Peru, antes de servir como alto funcionário do Vaticano nos últimos dois anos.

O novo papa disse neste sábado que adotou seu nome papal em parte para homenagear Leão XIII (1878-1903), que era conhecido como um defensor da justiça social e lutava por salários e tratamentos justos aos trabalhadores durante a revolução industrial.

Leão 14 afirmou que a Igreja deve agora assumir a liderança no enfrentamento de novas ameaças aos trabalhadores, como a inteligência artificial. Ele afirmou que a IA representa “novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”.

O encontro de duas horas de Leão 14 com os cardeais teve um formato diferente daquele usado pelos papas anteriores, que normalmente faziam um discurso e esperavam que os clérigos apenas ouvissem.

Desta vez, Leão 14 fez um discurso preparado e então abriu a palavra para qualquer cardeal que quisesse fazer um comentário, permitindo que os clérigos expressassem suas opiniões e preocupações sobre os principais problemas enfrentados pela Igreja global.

“Ele ouviu com muita atenção, mas sabe que terá que tomar as decisões”, disse o cardeal irlandês Sean Brady à Reuters. “Mas estamos aqui para ajudá-lo.”

O cardeal espanhol Aquilino Bocos Merino descreveu o encontro como “muito cordial e comunitário”.

ACORDO COM A CHINA

Leão 14 cumprimentou cada um dos cardeais individualmente quando eles saíram da reunião, que foi realizada no mesmo pequeno auditório do Vaticano onde os religiosos se reuniram nos dias anteriores ao conclave para discutir quem deveria ser o próximo papa.

O cardeal tcheco Dominik Duka disse que um tópico que surgiu foi a situação dos católicos na China comunista.

Em 2018, Vaticano e China assinaram um acordo controverso sobre a nomeação de bispos no país, o que dá a Pequim alguma influência na seleção.

Os conservadores atacaram o acordo, ainda secreto, como uma traição, mas Duka disse à Reuters que era necessário manter o diálogo aberto em lugares onde a Igreja é oprimida, comparando-o ao diálogo entre o Vaticano e os países do Leste Europeu durante a Guerra Fria.

O cardeal alemão Gerhard Mueller, que entrou em conflito abertamente com Francisco em questões relativas ao ensinamento moral católico, disse à Reuters que o encontro deste sábado foi “muito bom e harmonioso”.

Para ser eleito papa durante o conclave secreto de 7 a 8 de maio na Capela Sistina, Leão 14 precisou de uma maioria de dois terços dos 133 cardeais votantes.

O cardeal de Madagascar Désiré Tsarahazana disse à Reuters que Leão 14 recebeu mais de 100 votos na votação final na tarde de 8 de maio.

(Reportagem de Joshua McElwee e Philip Pullella)

Por Philip Pullella e Joshua McElwee

Reuters

Compartilhe:

Rússia critica países europeus após exigência de cessar-fogo com Ucrânia
Angolanos recebem grau de excelência em concurso internacional

Destaques

Nenhum resultado encontrado.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Fill out this field
Fill out this field
Por favor insira um endereço de email válido.
You need to agree with the terms to proceed

Comentários recentes