Parceiros de África devem participar no desenvolvimento para se fazer justiça – PR angolano

Luanda, (Lusa) – O Presidente angolano defendeu hoje, em Adis Abeba, que os principais parceiros de cooperação com África devem “participar diretamente” no desenvolvimento do continente como forma de se fazer “justiça aos africanos” e garantir a respetiva reparação.

João Lourenço, que falava na capital da Etiópia na qualidade de presidente da União Africana (UA), considerou que a Comissão da UA, em coordenação com as Comunidades Económicas e Mecanismos Regionais e parceiros de África, deverá trabalhar na organização de uma grande conferência continental sobre infraestruturas em África.

Por um lado, afirmou que a conferência deve decorrer em 2025 e nela, a UA deve procurar transmitir, aos principais parceiros de cooperação, a nível bilateral e unilateral, a importância e as vantagens em apostarem no financiamento e investimento em infraestruturas de interconexão continental.

Uma aposta que deve acontecer “como forma de [os parceiros do continente] participaram diretamente em todo o processo de crescimento e desenvolvimento de África, uma entre diferentes maneiras de se fazer justiça aos africanos e afrodescendentes, uma entre tantas outras vias de reparação”, defendeu.

As reparações aludidas pelo Presidente angolano têm a ver com o reconhecimento histórico da colonização, por parte das antigas potências colonizadora, subjacente no lema da 38.ª cimeira de chefes de Estado e de Governo da organização, que decorreu em 15 e 16 de fevereiro em Adis Abeba.

No discurso na cerimónia de troca de pastas dos novos membros da comissão da organização continental, o chefe de Estado de Angola, que assume a presidência rotativa da UA desde essa cimeira, reiterou a necessidade de se dedicar “atenção especial” às infraestruturas.

Por outro lado, pediu à Comissão da UA a conceção de uma estratégia destinada a mobilizar os parceiros internacionais de África, interessados em realizar investimentos com vantagens recíprocas, salientando que as infraestruturas constituem um dos pilares essenciais da Agenda 2063 da organização.

“O que nos obriga a mobilizar o maior volume de recursos financeiros possíveis para alcançarmos as metas que traçamos neste domínio e no âmbito da inovação tecnológica, segurança alimentar e transição energética”, observou.

O governante instou os Estados membros da organização continental a trabalharem juntos na “construção de uma nova arquitetura financeira internacional”, para que o “continente deixe de continuar a ser visto como um ator secundário, marginal, mas sim parte ativa e determinante na economia global”.

“É fundamental que a União Africana participe na quarta Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento em Sevilha, Espanha – agendada para 30 de junho a 03 de julho de 2025 – com uma visão clara sobre o que se pretende”, frisou.

O Presidente angolano acredita que, com uma postura “clara”, a UA deve conseguir um “acesso mais simplificado a justo” aos recursos financeiros adequados para a concretização dos objetivos destinados a impulsionar o processo socioeconómico de África.

João Loureço sinalizou igualmente, no decurso da sua intervenção, a importância de se fazer uma aposta prioritária e séria na construção e na melhoria das estradas e autoestradas, na modernização das linhas férreas, dos portos e aeroportos e na criação de linhas de transporte e distribuição de eletricidade a nível do continente.

“De modo a conseguirmos levar energia das zonas onde há excedentes para as que carecem deste bem fundamental”, realçou.

Por fim, enalteceu ainda o trabalho desenvolvido pela direção cessante da UA e respetivos órgãos, durante os últimos oito anos, considerando que esta deixa um grande legado e responsabilidade à nova gestão da organização, visando uma África industrializada, pacífica e inclusiva.

DAS // JMC

Lusa/Fim

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