Maputo, (Lusa) – Os ministros da Cultura da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) declararam o apoio conjunto à candidatura do Parque Nacional de Maputo, a 90 minutos da capital moçambicana, a património mundial da Unesco, segundo informação oficial.
Em causa está uma candidatura do Parque Nacional de Maputo a património mundial submetida anteriormente pelo Governo moçambicano à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e que mereceu o apoio dos ministros da Cultura da CPLP, para o período 2025–2026, que estiveram reunidos em São Tomé em Príncipe, conforme declaração final consultada hoje pela Lusa.
A candidatura, depois de em 2008 Moçambique ter tentado a inclusão da então Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro, segundo informação da Unesco, surge após a classificação do Parque Nacional de Zonas Húmidas de iSimangaliso, do lado sul-africano como património mundial em 1999.
“O Parque Nacional de Maputo e o iSimangaliso são adjacentes. As vantagens de uma maior abrangência de espécies protegidas e da pesquisa e gestão colaborativas para os governos de Moçambique e da África do Sul são impressionantes”, refere-se na proposta.
Enquanto o iSimangaliso já é património mundial, o sítio que designa a região da Baía de Maputo até à Ponta do Ouro, incluindo a Ilha de Inhaca, foi classificado em 2003, segundo a candidatura, como o quarto prioritário mais importante para proteção e indicação ao património mundial.
A história da proteção a sul da capital moçambicana começou em 1932, então uma pequena área de caça, em que o elefante era dos principais alvos. Em 1969, a importância da biodiversidade local levou à classificação como Reserva Especial de Maputo.
Após o declínio provocado pela guerra civil que se seguiu à independência, impulsionado pela assinatura em 2006 de um memorando de entendimento entre o Governo e a Peace Parks Foundation, e já unificando a gestão das duas componentes de proteção terrestre e marinha, desde 2010 que o Parque Nacional de Maputo não para de crescer, com a reintrodução e translocação de espécies.
“Trouxemos um pouco mais de 5.000 animais de 14 espécies diferentes, primeiros herbívoros e agora estamos a reintroduzir os carnívoros. Trouxemos algumas chitas, estamos agora com uma população de hienas e possivelmente teremos que trazer mais leopardos (…). É esse é o plano”, explicou, em entrevista à Lusa, em 2024, o administrador do parque, Miguel Gonçalves.
Com as emblemáticas girafas e elefantes que se passeiam habitualmente junto à estrada Nacional 1 (N1), o Parque Nacional de Maputo combina as vertentes de “mar e terra”, numa área total de 1.718 quilómetros quadrados. Oficialmente, foi criado em 07 de dezembro de 2021, juntando duas áreas protegidas contíguas historicamente estabelecidas: A Reserva Especial de Maputo (1.040 quilómetros quadrados na componente terrestre) e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro (678 quilómetros quadrados).
A área marinha protegida estende-se desde a Ponta do Ouro, na fronteira sul com a África do Sul, até a foz do Rio Maputo, a norte, e por três milhas náuticas para o alto mar.
Após o declínio provocado também pela caça furtiva, o parque apostou fortemente na fiscalização e conta há cerca de 15 anos com o apoio da Peace Parks Foundation. Agora, introduzir outras espécies, desde logo o leão, com o apoio a Àfrica do Sul, é uma “possibilidade” em cima da mesa. E o mesmo se passa com rinocerontes: “Iremos ver. Vai depender muito das dinâmicas à volta da criminalidade à volta dos nossos rinocerontes. Mas já existiram rinocerontes aqui. Existe hoje um esforço muito grande de proteção e, consequentemente, financeiro, mas não é uma possibilidade de descartar”.
No seu interior conta com florestas dunares, pradarias, mangais, recifes de coral, praias, rios e lagoas, o que o tornam “único”, como o próprio logótipo: um elefante e uma tartaruga.
“No mesmo dia e no mesmo local, num dia de sorte, podemos ter a baleia corcunda de um lado e o elefante do outro. O maior mamífero terrestre do mundo e um dos maiores mamíferos marinhos do mundo”, contou ainda o administrador.
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