HOUSTON (Reuters) – Os preços do petróleo caíram mais de 7% nesta segunda-feira, com recuo de mais de US$5 por barril, depois que o Irã não tomou nenhuma medida para interromper o tráfego de navios-tanque de petróleo e gás por meio do Estreito de Ormuz, mas atacou uma base militar dos EUA no Catar, em retaliação aos ataques dos EUA às suas instalações nucleares.
Os contratos futuros do petróleo Brent fecharam com queda de US$5,53, ou 7,2%, a US$71,48 por barril, enquanto o petróleo West Texas Intermediate (WTI) dos EUA caiu US$5,53, ou 7,2%, a US$ 68,51 após os ataques a base militar dos EUA.
A queda de 7,2% do Brent foi a mais acentuada desde agosto de 2022. O índice de referência foi negociado em uma faixa de US$10, a mais ampla desde julho de 2022.
Ambos os preços de referência caíram quase 9% nas negociações após o expediente.
“Os fluxos de petróleo, por enquanto, não são o alvo principal e provavelmente não serão afetados; acho que será uma retaliação militar contra as bases dos EUA e/ou uma tentativa de atingir mais alvos civis israelenses”, disse John Kilduff, sócio da Again Capital.
O petróleo caiu drasticamente depois que o Irã retaliou os ataques aéreos dos EUA em suas principais instalações nucleares com um ataque com mísseis à base aérea norte-americana de Al Udeid, no Catar, a maior instalação militar dos EUA no Oriente Médio. Nenhum funcionário dos EUA foi morto ou ferido no ataque do Irã, disseram duas autoridades americanas à Reuters.
No início das negociações na Ásia, o Brent subiu quase 6%, já que os investidores temiam que a retaliação iraniana envolvesse a interrupção das exportações de petróleo do Golfo do Oriente Médio. O Irã ameaçou fechar o Estreito de Ormuz, um canal estreito ao sul do Irã por onde passa cerca de um quinto do suprimento global de petróleo a caminho das refinarias em todo o mundo.
O Irã, terceiro maior produtor de petróleo da Opep, disse que o ataque dos EUA às suas instalações nucleares ampliou a gama de alvos legítimos para suas forças armadas.
Um ataque telegrafado a uma base bem defendida dos EUA pode ser um primeiro passo para reduzir as tensões, desde que não haja vítimas americanas, disse a Energy Aspects em um post.
“A menos que haja indicações de novas retaliações iranianas ou de uma escalada por parte de Israel e dos EUA, poderemos ver algum prêmio de risco geopolítico sair do preço nos dias seguintes”, disse.
Não houve interrupção nos embarques ou na produção da QatarEnergy após o ataque, disse uma fonte com conhecimento direto do assunto, e nenhum outro ataque iraniano foi detectado em qualquer base militar dos EUA que não fosse no Catar, disse uma autoridade militar dos EUA à Reuters. O Catar é um dos maiores exportadores de gás natural liquefeito do mundo, e todas as suas remessas passam pelo Estreito.
A estatal iraquiana Basra Oil Company disse que as principais empresas internacionais de petróleo, incluindo BP, TotalEnergies e Eni, evacuaram alguns membros da equipe que trabalhavam nos campos de petróleo.
“De certa forma, já vimos esse filme antes. Todas as tensões geopolíticas que vimos no Oriente Médio, seja em Israel, Irã ou outros, ainda não vimos o fechamento do Estreito de Ormuz, embora a questão sempre apareça”, disse Andy Lipow, presidente da Lipow Oil Associates.
Pelo menos dois superpetroleiros deram meia-volta perto do Estreito de Ormuz após os ataques militares dos EUA contra o Irã, segundo dados de rastreamento de navios, já que mais de uma semana de violência na região levou as embarcações a acelerar, pausar ou alterar suas viagens.
O presidente dos EUA, Donald Trump, expressou o desejo de ver os preços do petróleo mantidos baixos em meio a temores de que os combates contínuos no Oriente Médio possam causar um aumento. Em sua plataforma Truth Social, ele se dirigiu ao Departamento de Energia dos EUA, incentivando a perfuração, com sua conhecida frase “drill, baby, drill”, e dizendo: “Quero dizer agora”.
Os investidores ainda estão avaliando qual prêmio de risco geopolítico colocar nos preços do petróleo. O HSBC espera que os preços do Brent subam acima de US$80 o barril para levar em conta uma probabilidade maior de fechamento do estreito, mas que recuem novamente se a ameaça de interrupção não se concretizar, disse o banco nesta segunda-feira.
(Reportagem de Arathy Somasekhar em Houston, Robert Harvey em Londres, Mohi Narayan em Nova Delhi e Siyi Liu em Cingapura)
Por Arathy Somasekhar
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