PF envolve Bolsonaro em inquérito sobre Abin paralela

BRASÍLIA (Reuters) – A Polícia Federal (PF) envolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro e diversos aliados na conclusão do inquérito que investiga o suposto uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal de autoridades, durante seu mandato presidencial, informou nesta terça-feira uma fonte com conhecimento direto da investigação.

Entre os indiciados pela PF além de Bolsonaro, está o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa — indicado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — por suspeita de ter atuado para prejudicar as investigações da PF, de acordo com a fonte, que falou sob condição de anonimato.

As informações foram divulgadas inicialmente pela GloboNews e confirmadas à Reuters por essa fonte.

Em comunicado, sem citar nomes, a PF confirmou a conclusão do inquérito descrevendo a “existência de uma organização criminosa voltada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e à produção de notícias falsas, utilizando-se de sistemas da Abin, no caso que ficou conhecido como ‘Abin Paralela'”.

Mais tarde, uma segunda fonte da PF esclareceu que, como Bolsonaro já é réu por organização criminosa na trama golpista, ele não foi indiciado por esse crime neste momento.

O relatório final da investigação já está no Supremo Tribunal Federal (STF), mas está sob sigilo, segundo a PF.

Bolsonaro, que já é réu no STF acusado de tentativa de golpe de Estado, tinha consciência do esquema ilegal de espionagem da Abin e se beneficiava dele, de acordo com a investigação da PF citada pela fonte.

O esquema teria sido montado pelo diretor-geral da Abin no governo Bolsonaro, o agora deputado federal Alexandre Ramagem, apontaram as investigações, de acordo com a fonte.

O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, disse à Reuters que não conhecia o caso e não tinha visto o relatório da PF.

Procurada, a assessoria de Ramagem não respondeu de imediato a pedido de comentário. Perguntada sobre o indiciamento do atual diretor Corrêa, a Abin disse que não vai se manifestar.

Filho de Bolsonaro e acusado de comandar o chamado “gabinete do ódio” para atacar adversários nas redes sociais, Carlos Bolsonaro também foi indiciado. “Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo? Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”, afirmou Carlos na rede social X.

No ano passado, a Reuters havia noticiado que a estrutura paralela na Abin montada no governo Bolsonaro havia monitorado ao menos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), assim como o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e até uma promotora de Justiça que investigava o assassinato da vereadora Marielle Franco.

Após o indiciamento, cabe agora à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se oferece denúncia criminal contra os envolvidos — inclusive Bolsonaro, mesmo não tendo sido indiciado neste caso.

(Reportagem adicional de Luciana Magalhães, em São Paulo)

Por Ricardo Brito

Reuters

Compartilhe:

Líder supremo do Irã diz que qualquer ataque dos EUA ao país terá sérias consequências
Líder da Coreia do Norte se reune com autoridade de segurança da Rússia

Destaques

Nenhum resultado encontrado.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Fill out this field
Fill out this field
Por favor insira um endereço de email válido.
You need to agree with the terms to proceed

Comentários recentes