GENEBRA (Reuters) – O Fundo das Nações Unidas para a Infância criticou na sexta-feira os planos sobre a distribuição de ajuda humanitária em Gaza, apresentados por Israel e Estados Unidos, dizendo que eles aumentarão o sofrimento de crianças e famílias.
Os planos que aumentariam o sofrimento de crianças em Gaza, se refere ao Departamento de Estado dos EUA que informou anteriormente que uma solução que permitiria a entrega de ajuda alimentar a Gaza estava “a passos de distância” e que um anúncio seria feito em breve.
Uma proposta está circulando entre a comunidade de ajuda humanitária para uma Fundação Humanitária de Gaza que distribuiria alimentos a partir de quatro “Locais de Distribuição Segura”, semelhante aos planos anunciados por Israel no início desta semana, o que atraiu críticas de que isso efetivamente pioraria o deslocamento entre a população de Gaza.
“Parece que o projeto de um plano apresentado por Israel à comunidade humanitária aumentará o sofrimento contínuo de crianças e famílias na Faixa de Gaza”, disse o porta-voz do Unicef James Elder.
Elder afirmou que suas falas também se aplicavam à nova fundação, que ele entendia ser parte do mesmo plano amplo.
A comunidade de ajuda humanitária já rejeitou quaisquer planos que dariam à potência ocupante Israel um papel na distribuição de ajuda em Gaza.
No entanto, o documento da fundação diz que os locais seriam “neutros” e o embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, declarou nesta sexta-feira que Israel não estaria envolvido na distribuição de ajuda.
Ainda assim, Elder disse que o uso de tais centros, que, segundo a fundação, atenderão inicialmente 300.000 pessoas cada um, criaria riscos para crianças e famílias quando elas fossem buscar ajuda e provocaria mais deslocamentos.
“O uso da ajuda humanitária como uma isca para forçar o deslocamento, especialmente do norte para o sul, criará essa escolha impossível: uma escolha entre deslocamento e morte”, disse Elder, que esteve em várias missões em Gaza desde o início da guerra entre Israel e Hamas, há 19 meses.
“Parece que foi projetado para reforçar o controle sobre itens que sustentam a vida como uma tática de pressão.”
Em vez disso, ele pediu que Israel suspenda o bloqueio de mais de dois meses às entradas de ajuda no enclave, o que está provocando fome generalizada e levantando preocupações sobre um aumento nas mortes relacionadas à desnutrição.
“Há uma alternativa simples: suspender o bloqueio e permitir a entrada de ajuda humanitária para salvar vidas”, afirmou ele.
(Reportagem de Emma Farge)