Pobreza e sequelas da guerra civil deixam 75% dos moradores de Luanda em musseques

Musseque, termo da língua “Kimbundu” que significa terra vermelha, é uma triste realidade em Angola no geral e em Luanda em particular. Os bairros periféricos sub-urbanizados, abrigam 60% da população urbana de Angola, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Na capital do pais, o numero salta para 75%.

Segundo um estudo recente do Instituto Nacional de Estatística de Angola (INE), o déficit habitacional no país é estimado em aproximadamente 2 milhões de unidades. Esse cenário é agravado pelo rápido crescimento populacional, especialmente nas áreas urbanas, e pela falta de investimentos em programas de habitação social e urbanização.

Os musseques quase sempre foram espaços de exclusão sócio espacial, desde do séc. XVIII quando da primeira configuração urbana da cidade.

As famílias autóctones antigas viviam em musseques nas margens do velho centro da cidade, onde as igrejas desempenhavam um papel de charneira e remate, como por exemplo a Igreja do Carmo e a Igreja da Nazaré. Eram musseques ordenados com vias em terra batida e de traçado regular.

Diversos factores contribuem para a expansão dos musseques em Angola. O êxodo de pessoas do campo em busca de melhores oportunidades tem pressionado a demanda por moradias nas cidades. Os efeitos da longa guerra civil em Angola também contribuíram para o crescimento dos bairros de lata, com a chegada de pessoas deslocadas.

Mas o maior motivo para a proliferação desse tipo de sub-moradia , que atinge grande parte da população angolana, deve-se à situação de pobreza, com dificuldade de acesso a habitações formais.
Para agravar o quadro, a ausência de políticas efectivas de planeamento e desenvolvimento urbano tem dificultado a oferta de moradias acessíveis.

Esforços para Enfrentar a Crise Habitacional

O governo angolano tem tomado algumas medidas para enfrentar a crise de moradia, como a criação do Programa Nacional de Urbanização e Melhoramento de Bairros (PNUMB) e o Programa de Construção de Habitação Social. No entanto, os especialistas apontam que esses esforços ainda são insuficientes para atender à demanda crescente.

A crise de moradia em Angola, especialmente a situação dos bairros de lata em Luanda, representa um desafio complexo que requer soluções abrangentes e sustentáveis. É necessário um investimento significativo em programas de habitação social, urbanização e desenvolvimento urbano planejado, bem como políticas que abordem as raízes da pobreza e da desigualdade no país.

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