Polícia de Macau detém homem em primeiro protesto no Dia do Trabalhador em seis anos

Macau, China, (Lusa) – A polícia de Macau deteve quinta-feira um homem que protestava contra a presença de trabalhadores migrantes na região, invocando violação da lei do Direito de Reunião e Manifestação, no primeiro protesto realizado no Dia do Trabalhador em seis anos.

Fonte do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) de Macau disse hoje à Lusa que o homem exibiu ‘slogans’ (palavras de ordem) e entoou cânticos a exigir a redução de trabalhadores migrantes, à porta da Direção dos Serviços para os Assuntos Laborais, no que se tratou do primeiro protesto público no Dia do Trabalhador desde 01 de maio de 2019, antes da pandemia da covid-19.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o homem a colocar oito folhas de papel no chão com a mensagem “Governo, corte nos trabalhadores migrantes! Animem-se!” ao lado das bandeiras de Macau e da China.

A região semiautónoma chinesa de Macau empregava no final de março quase 183.400 mil trabalhadores migrantes, ainda longe do pico máximo de 196.538, atingido no final de 2019, no início da pandemia.

Segundo o CPSP, os agentes fizeram repetidas advertências por violações da lei do Direito de Reunião e Manifestação, mas o homem recusou-se a obedecer e foi levado para a esquadra, para ser identificado.

Durante a pandemia, as forças de segurança recusaram-se a aprovar o percurso de qualquer protesto, invocando razões de “ordem e segurança” ou de saúde pública.

As autoridades levantaram as restrições antipandémicas no final de 2023, mas os protestos não voltaram às ruas da cidade.

Estas proibições chegaram ao Comité dos Direitos Humanos da ONU que, em 2022, avaliou “um crescente número de informações de restrições indevidas ao exercício da liberdade de manifestações pacíficas”.

O grupo Poder Popular de Macau, que também exige a redução do número de trabalhadores migrantes, cancelou uma manifestação planeada para o Dia do Trabalhador devido à “pressão da polícia”, noticiou na quinta-feira o jornal local All About Macau.

A associação afirmou que esperava 20 mil participantes, mas cancelou o evento depois de a polícia ter alegado que poderia violar a lei de Segurança Nacional.

O presidente do grupo, Lam Wing Ioi, afirmou que apresentou um pedido formal de manifestação em abril, mas foi convocado para repetidas reuniões da polícia para “analisar a situação” e “evitar circunstâncias incontroláveis”.

Lam alegou que as autoridades levantaram questões sobre a “responsabilidade conjunta dos organizadores” e o aviso de quebra da “segurança nacional”, o que levou o grupo a apresentar um recurso por escrito.

A PSP confirmou ter recebido uma notificação de manifestação para o dia 01 de maio, mas afirmou que o organizador a retirou voluntariamente, referiu o jornal ‘online’ All About Macau.

Em 17 de março, a polícia deteve duas jornalistas do All About Macau, incluindo a presidente da Associação de Jornalistas de Macau, Ian Sio Tou, quando tentavam entrar no salão da Assembleia Legislativa, o parlamento local, para a apresentação do programa político do Governo para 2025.

JW (VQ/CAD) // MLL

Lusa//Fim

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