Talatona – Políticos e diplomatas realçaram, nesta quinta-feira, em Luanda, o papel estratégico e histórico dos países da Linha da Frente na luta pela libertação total da África Austral.
O reconhecimento foi feito durante a Conferência Internacional Sobre “O papel dos países da Linha da Frente na Libertação Total de África Austral”.
Em declarações aos jornalistas, à margem do encontro, o embaixador Marcos Barrica realçou o facto de “os países
da Linha da Frente terem representado a vanguarda na luta contra o Apartheid”.
Neste contexto, o também director-geral da Academia Venâncio de Moura salientou o papel determinante de Angola no apoio aos movimentos de libertação da África do Sul, Namíbia e Zimbabwe, tendo destacado ainda a importância da Batalha do Cuito Cuanavale como ponto de viragem para o colapso do regime racista sul-africano.
Durante a entrevista, Marcos Barrica destacou também o papel da diplomacia como ferramenta essencial para o reforço da unidade africana e da cooperação entre os países do continente.
“Hoje a luta é pelo desenvolvimento, pela educação e pela afirmação das capacidades africanas. E a diplomacia é o canal para esse novo combate”, afirmou.
Já o político Mário Pinto de Andrade reforçou que Angola teve uma “participação gritante e indiscutível” nesse processo histórico.
Sublinhou que a acção de solidariedade prestada às forças de libertação da região foi o preço pago pelo país, em nome da independência africana.
“Os angolanos devem ter orgulho dos nossos combatentes que lutaram, muitos deles perderam suas vidas para que a África Austral fosse hoje o actual pilar de integração regional”, disse.
Acrescentou ainda que um dos grandes ganhos da Batalha de Cuíto Cuanavale foi a libertação dos povos, apesar de ainda existirem alguns conflitos em Moçambique e em outras zonas da região Austral.
Entretanto, o antigo chefe do Estado-Maior General das FAPLA, António dos Santos França “Ndalu”, defendeu a necessidade de a juventude compreender que a independência custou vidas.
“A juventude deve perceber que a vitória sobre uma das maiores máquinas de guerra da região foi possível porque os angolanos estavam preparados e contaram com o apoio técnico da extinta União Soviética e forças cubanas”, acrescentou.
Recordou a importância da Batalha do Cuito Cuanavale na derrota do regime do Apartheid e na independência da Namíbia.
O general realçou ainda que, após a derrota militar das forças sul-africanas, Angola estava pronta para avançar até à Namíbia e libertá-la, no entanto a pressão militar forçou a África do Sul a negociar, culminado na implementação da resolução 435 das Nações Unidas.
“Criámos comissões que negociaram em várias partes do mundo, até se alcançar um acordo para a retirada das tropas sul-africanas de Angola”, disse.
Já o líder activista da Associação de Inclusão de Pessoas com Deficiência em Angola, Victorino Domingos, considerou o evento importante por promover o resgate histórico e a valorização do papel dos países da Linha da Frente pela libertação da África Austral.
A Conferência Internacional sobre “O papel dos países da Linha da Frente na Libertação Total de África Austral” insere-se nas comemorações dos 50 anos da Independência Nacional de Angola e tem como objectivo reflectir sobre o contributo dos referidos países na luta contra o colonialismo e o regime do Apartheid, bem como analisar os desafios actuais da integração e desenvolvimento do continente.
No encontro, os oradores defendem ainda a valorização das experiências históricas como base para formar uma nova geração consciente, com acesso a espaços de debate e disposta a aplicar o legado dos que lutaram pela libertação.
Participam do encontro membros do governo, políticos, diplomatas, académicos, religiosos, o antigo Presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, o ministro da Defesa de Cuba, general Leopoldo Cintra Frías, a secretária-geral da Swapo, Sophia Shaningwa, o embaixador da Rússia em Angola, Vladimir Tararov, entre outras personalidades.
O evento, promovido pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, tem apoio da Edições Novembro.
ANGOP