PR sul-africano enaltece importância de África na reunião do G20

Joanesburgo, (Lusa) – O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, declarou hoje, na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G20, em Joanesburgo, que este primeiro encontro em África “indica o crescimento da importância do continente no mundo”.

“Esta reunião do G20 é a primeira na África”, o que sublinha “o crescimento da importância do continente africano na economia global e nas políticas e discussões ambientais”, que estão a acontecer pelo mundo, declarou o Presidente sul-africano no Centro de Exposições Nasrec, em Joanesburgo.

Ramaphosa salientou que “África é a casa de algumas das economias com maior crescimento” e, de várias formas, “enfrenta desafios únicos, como o impacto das alterações climáticas”.

“A localização desta cimeira sublinha a necessidade das vozes africanas serem ouvidas em assuntos globais importantes, como o desenvolvimento sustentável, economia digital e o alcance da Economia Verde”, declarou.

Segundo o chefe de Estado, esta é “uma grande oportunidade para se promoverem grandes colaborações entre nações africanas e o resto do mundo, mas é também uma oportunidade para todos os membros do G20, e países convidados, ingressarem num diálogo sério”.

De uma forma geral, de acordo com Ramaphosa, “tensões geopolíticas, o aumento da intolerância, os conflitos e guerras, as alterações climáticas e as pandemias estão a fragilizar a coexistência mundial”.

“Estes desafios estão interligados e requerem respostas que deveriam ser dadas em reuniões do G20”, que “representa dois terços da população mundial”, afirmou.

Ramaphosa evocou as Nações Unidas no seu discurso, relembrando que a instituição faz, este ano, 80 anos, e que deve adaptar-se ao mundo atual.

“Para o G20 é essencial que os princípios da Carta das Nações Unidas – multilateralismo e lei internacional – sejam a cola que nos une”, disse.

O atual detentor da presidência rotativa do G20 lamentou que, a cinco anos de 2030, data limite para se atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, a “pobreza extrema e consequente desigualdade social” permanecem um problema.

Foram citados conflitos, nomeadamente a invasão à Ucrânia, a guerra no leste da República Democrática do Congo, a guerra civil no Sudão e os aumentos das tensões no Sahel, como exemplo de episódios que aumentam “a insegurança mundial”.

Ramaphosa especificou a situação em Gaza e saudou o cessar-fogo dizendo que este é “o primeiro passo para acabar com a crise humanitária severa que o povo palestiniano enfrenta” naquele território.

“No G20, devemos insistir em resoluções diplomáticas dos conflitos”, aconselhou, dando o exemplo da sua nação, que alcançou “resoluções pacíficas através de um diálogo inclusivo”.

Entre os vários desafios que o mundo atual enfrenta, Ramaphosa particularizou que, sobre o clima, “África enfrenta uma realidade catastrófica”, adiantando que vão pedir às instituições internacionais financiamento para as situações “pós-desastre” e que a “Economia Verde vai beneficiar todos: O Sul e o Norte globais”.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 iniciaram hoje a primeira reunião sob a presidência rotativa da África do Sul para debater os desafios geopolíticos globais, mas a ausência do chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, marca o encontro.

Rubio anunciou, no início do mês, que estaria ausente da reunião em Joanesburgo, pois “a África do Sul está a fazer coisas muito más”.

Rubio referia-se à lei aprovada a 23 de janeiro pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que possibilita a expropriação de terras no interesse público pelo Estado sul-africano, uma questão particularmente sensível neste país marcado pelo sistema de segregação racista do ‘apartheid’ (1948-1994), que levou à distribuição desigual de terrenos.

A África do Sul assumiu a presidência rotativa do G20 em dezembro passado, sucedendo ao Brasil, tendo como foco a crise climática e as perspetivas de crescimento económico global.

O G20 reúne Alemanha, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia, Reino Unido, União Europeia e União Africana.

NYC (JYFR) // MLL

Lusa/Fim

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