Presidente do BOJ diz que instituição pode agir se tarifas dos EUA afetarem economia, diz jornal

TÓQUIO (Reuters) – O presidente do Banco do Japão (BOJ), Kazuo Ueda, disse que o banco central pode precisar tomar medidas se as tarifas dos EUA prejudicarem a economia japonesa, informou o jornal Sankei na quarta-feira (ainda terça-feira no Brasil), sinalizando a possibilidade de interromper o ciclo de aumento de taxas de juros.

Desde fevereiro os riscos em torno das políticas do presidente dos EUA, Donald Trump, “se aproximaram do cenário ruim” previsto pelo Banco do Japão, disse o presidente do BOJ, Ueda, em uma entrevista, acrescentando que os acontecimentos recentes já afetaram a confiança das corporações e das famílias.

Ueda afirmou que o BOJ continuará a aumentar as taxas de juros “em um ritmo apropriado” se os desenvolvimentos econômicos e de preços estiverem alinhados com suas projeções.

“Mas analisaremos sem preconceitos até que ponto as tarifas americanas podem prejudicar a economia”, disse. “Uma resposta política pode se tornar necessária. Tomaremos uma decisão apropriada de acordo com as mudanças nos acontecimentos.”

A próxima reunião de política monetária do Banco do Japão será de 30 de abril a 1º de maio, quando se espera que a taxa de juros seja mantida estável. O BOJ também divulgará novas projeções trimestrais de crescimento e preços, que darão pistas sobre as perspectivas da política monetária do banco.

Espera-se que tarifas mais altas dos EUA prejudiquem as exportações japonesas e possam afetar o sentimento das famílias, ao elevar a incerteza sobre as perspectivas econômicas, disse Ueda.

“Embora seja difícil prever a evolução das ações e da taxa de câmbio, monitoraremos cuidadosamente como elas afetam a economia”, disse, segundo a citação.

Sobre os preços, Ueda disse que a inflação doméstica de alimentos provavelmente vai se moderar, enquanto o crescimento real dos salários deverá se tornar positivo e continuar aumentando a partir de meados deste ano.

Ueda acrescentou que há riscos tanto de alta quanto de baixa para os preços. Embora a inflação persistente dos alimentos ou as interrupções no fornecimento causadas pelas tarifas norte-americanas possam elevar os preços mais do que o esperado, o aumento do custo de vida pode esfriar o consumo e impedir que os preços subam ainda mais, afirmou ele.

O BOJ analisará não apenas dados, mas também pesquisas de empresas ao compilar as novas previsões trimestrais previstas para 1º de maio, disse Ueda ao Sankei.

No ano passado, o BOJ encerrou um programa de estímulo massivo de uma década e aumentou as taxas de juros para 0,5% em janeiro, acreditando que o Japão estava prestes a atingir de forma sustentável sua meta de inflação de 2%.

Embora Ueda tenha sinalizado a prontidão do BOJ para continuar elevando as taxas de juros, a decisão de Trump de impor tarifas mais altas nos EUA complicou a decisão do banco sobre quando e até que ponto poderia elevar as taxas de juros, ainda baixas. A maioria dos analistas ainda espera que a próxima medida do Banco do Japão seja um aumento, e não um corte, na taxa básica de juros.

(Reportagem de Leika Kihara)

Por Leika Kihara

Reuters

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