CAIRO (Reuters) – O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, não viajará a Washington para reuniões na Casa Branca enquanto a agenda incluir o plano do presidente norte-americano, Donald Trump, para deslocar os palestinos de Gaza, segundo duas fontes de segurança egípcias.
Trump irritou o Presidente do Egito e o mundo árabe com a ideia de deslocar permanentemente a população de mais de 2 milhões de palestinos da Faixa de Gaza, tomar controle do território e transformá-lo na “Riviera do Oriente Médio”.
Ele tem requerido que Egito e Jordânia recebam os palestinos e ameaçou retirar auxílio dos dois Estados árabes aliados dos EUA se eles se recusarem.
O Egito afirmou que Trump estendeu um convite aberto para Sisi visitar a Casa Branca no começo deste mês. Segundo uma autoridade norte-americana, nenhuma data foi marcada. A Presidência egípcia e o Ministério das Relações Exteriores não responderam a pedidos de comentários em um primeiro momento.
O rei Abdullah, da Jordânia, pareceu desconfortável durante uma reunião com Trump na Casa Branca na terça-feira, quando Trump falou sobre seu plano para Gaza.
O ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty, esteve em Washington nesta semana. Fontes egípcias afirmaram que um dos objetivos da viagem foi evitar uma visita presidencial possivelmente incômoda.
Segundo fontes egípcias, ficou aparente para Abdelatty durante uma reunião com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que o plano de deslocamento estaria sobre a mesa se Sisi visitasse a Casa Branca.
Abdelatty respondeu que uma reunião como essa seria inútil e que qualquer discussão deveria girar em torno do plano do próprio Egito para a reconstrução de Gaza, de acordo com as fontes. O Egito disse que seu plano “garantiria que os palestinos continuariam em seu território”.
Sisi e o rei Abdullah falaram por telefone nesta quarta-feira e pediram que Gaza fosse reconstruída sem deslocar os palestinos, segundo a Presidência egípcia.
Os dois líderes expressaram o desejo de que Trump liderasse o caminho para um Estado palestino com base nas fronteiras de 1967 e para cooperar estreitamente para estabelecer um paz permanente no Oriente Médio.
AUXÍLIO MILITAR
A cooperação próxima do Egito com os Estados Unidos tem sido um alicerce da política de Washington para o Oriente Médio há décadas. Desde um tratado de paz mediado pelos norte-americanos entre Israel e Egito mais de quatro décadas atrás, o Egito tem sido consistentemente um dos maiores recebedores de auxílio militar dos EUA, junto com Israel.
Fontes egípcias afirmaram que Rubio não repetiu para Abdelatty as ameaças anteriores de Trump de retirar auxílio militar e de outras naturezas, embora tenha instado o Egito a considerar o plano de Trump.
No ano passado, os EUA alocaram US$1,3 bilhão em auxílio militar para o Egito. Em dezembro, aprovou uma potencial venda de mais de US$5 bilhões em armas.
(Reportagem de Ahmed Mohamed Hassan e Nafisa Eltahir; Reportagem adicional de Mohamed Waly no Cairo e Steve Holland em Washington)