Adis Abeba, (Lusa) – O comissário da União Africana para os assuntos políticos, paz e segurança disse hoje que a organização vai continuar a contar com João Lourenço como mediador do processo de paz na República Democrática do Congo (RD Congo).
“Estamos disponíveis para continuar a trabalhar sob os auspícios do novo presidente da União Africana que é também o campeão da paz e reconciliação nos processo de Nairobi e Luanda”, disse Bankole Adegboyega Adeoye numa conferência de imprensa, à margem da 38.ª cimeira de chefes de Estado e de governo da União Africana em que abordou os conflitos em vários pontos do continente africano, inclusive sobre João Lourenço como mediador no conflito de RDCongo.
Questionado pela Lusa sobre uma eventual passagem de testemunho de João Lourenço quanto à sua qualidade de mediador, afirmou não ter conhecimento e disse que o Presidente angolano é o mediador do processo de Luanda mandatado pela União Africana e pela Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos.
Questionado sobre um possível processo diplomático único, que substitua as iniciativas diplomáticas de Nairobi e Luanda, disse que é um trabalho em curso e que foi discutido na Cimeira Regional Extraordinária Conjunta entre os Chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da Comunidade da África Oriental (EAC) que ocorreu em 08 de fevereiro, que mandatou os ministros do negócios estrangeiros e a comissão da UA para analisar uma possível fusão.
“Vamos continuar a assegurar que tudo o que estamos a fazer vai conduzir à paz na RDC e por extensão na região dos Grandes Lagos”, destacou o responsável.
Em entrevista à Jeune Afrique, João Lourenço disse que vai continuar empenhado embora considere que na sua nova condição de presidente ‘pro tempore’ da União Africana não se deva dedicar exclusivamente a um conflito.
“Para ser mais claro, quero dizer que devia passar o testemunho a um outro país a um outro chefe de Estado para ser o medianeiro deste conflito de forma que o presidente da União Africana se possa dedicar a este, mas também a outros conflitos”, referiu.
Lourenço acrescentou que deve haver outros países e chefes de estado que se disponibilizam para tal e que a decisão será tomada a nível da União Africana.
Angola assumiu no sábado a presidência rotativa da União Africana.
O conflito entre a RDCongo e os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, intensificou-se nos últimos meses e o movimento armado ocupou em finais de janeiro a capital da província congolesa do Kivu Norte, Goma.
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