Reino Unido vota a favor da morte assistida

LONDRES (Reuters) – Parlamentares do Reino Unido votaram a favor de um projeto de lei para legalizar a morte assistida nesta sexta-feira, abrindo caminho para a maior mudança social do país em uma geração.

Se o projeto de morte assistida entrar em vigor, a lei “Terminally Ill Adults (End of Life)” (Adultos em estado terminal (fim da vida)) confere a adultos mentalmente competentes e em estado terminal na Inglaterra e no País de Gales, com seis meses ou menos de vida, o direito de escolher terminar suas vidas com ajuda médica.

A votação coloca o Reino Unido no caminho para seguir a Austrália, o Canadá e outros países, além de alguns Estados dos EUA, na permissão da morte assistida.

Defensores da proposta dizem que ela vai proporcionar dignidade e compaixão às pessoas em sofrimento, mas oponentes temem que pessoas vulneráveis possam ser coagidas a pôr fim às suas vidas.

O projeto de lei segue agora para a Câmara Alta do Reino Unido, a Câmara dos Lordes, onde passará por meses de análise. Embora possa haver emendas, os Lordes não eleitos devem relutar em bloquear a legislação aprovada pelos membros eleitos da Câmara dos Comuns.

O governo trabalhista do primeiro-ministro Keir Starmer adotou neutralidade em relação à legislação, liberando os políticos para votaram de acordo com sua consciência e não segundo linhas partidárias. Starmer havia dito anteriormente ser a favor da permissão da morte assistida.

Pesquisas de opinião mostram que a maioria dos britânicos apoia a morte assistida. A votação desta sexta-feira seguiu-se a horas de debates e referências a histórias pessoais na câmara e a uma votação em novembro que aprovou a legislação preliminarmente.

A aprovação ocorre 10 anos após o Parlamento discutir o tema.

Contrários ao projeto de lei argumentam que as pessoas doentes podem achar que devem acabar com suas vidas por medo de serem um fardo para as famílias e para a sociedade, e alguns parlamentares retiraram seu apoio após a votação inicial no ano passado, dizendo que as salvaguardas haviam sido enfraquecidas.

A votação de 314 a 291 a favor do projeto de lei foi comparada ao resultado de novembro passado, de 330 a 275 a favor.

Originalmente, a morte assistida exigiria aprovação judicial. Isso foi substituído por exigência de julgamento por um painel que inclui um assistente social, um jurista sênior e um psiquiatra, o que é visto por alguns como uma atenuante.

O parlamentar trabalhista que propôs o projeto de lei, Kim Leadbeater, disse que a legislação oferece algumas das proteções mais robustas do mundo contra a coerção de pessoas vulneráveis.

Centenas de ativistas, tanto a favor quanto contra a legislação, reuniram-se do lado de fora do Parlamento nesta sexta-feira para assistir à votação em seus celulares.

Pessoas favoráveis cantavam “minha decisão, minha escolha”, segurando cartazes que diziam “minha vida, minha morte” e fotos de parentes que, segundo eles, haviam morrido com dor.

Opositores à legislação exibiam cartazes com os dizeres “vamos cuidar, não matar” e “matem o projeto de lei, não os doentes”.

(Reportagem de Sarah Young e Andrew MacAskill)

Por Sarah Young e Andrew MacAskill

Reuters

Compartilhe:

Decisão de Trump sobre Oriente Médio deixa Wall St sem direção única
Israel critica conselho da ONU por dar palavra ao Irã antes de negociações

Destaques

Nenhum resultado encontrado.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Fill out this field
Fill out this field
Por favor insira um endereço de email válido.
You need to agree with the terms to proceed

Comentários recentes