Renamo convoca Conselho Nacional para 07 e 08 de março

Maputo, (Lusa) – A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) vai reunir o Conselho Nacional em 07 e 08 de março para analisar a situação política do pais e do partido, bem como o processo eleitoral, foi hoje anunciado.

De acordo com o anúncio feito hoje em conferência de imprensa por Marcial Macome, porta-voz da Renamo, que nas eleições gerais de 09 de outubro perdeu a histórica posição de maior partido da oposição, a decisão foi tomada em reunião da comissão política, quinta-feira, e o Conselho Nacional vai decorrer em Vilanculos, província de Inhambane, sul do país.

Acrescentou que a agenda final do Conselho Nacional “ainda será definida”, mas que o encontro “deverá” abordar a “situação do partido” e a “situação política do país”, bem como o processo entorno das eleições gerais de 09 de outubro, resultados que a Renamo não reconhece e que levou o partido a orientar os 28 deputados eleitos, a não participar na tomada de posse, em 13 de janeiro, na Assembleia da República.

Segundo Marcial Macome, os deputados da Renamo – os eleitos do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) também boicotaram a posse – vão tomar posse nos próximos dias, aguardando ofício para o efeito pelos serviços do parlamento.

“A [os deputados] Renamo vai tomar posse”, garantiu o porta-voz do partido, liderado por Ossufo Momade, que foi também candidato presidencial nas eleições de outubro.

Ex-guerrilheiros da Renamo submeteram em 03 de janeiro uma providência cautelar para “travar desmandos” no partido, acusando a direção de Ossufo Momade de agressão física e exigindo a apresentação de relatórios de contas referentes as atividades daquela força política.

“É uma providência cautelar para que não se cause mais danos ao funcionamento da Renamo (…) Nós tivemos uma situação em que guerrilheiros da Renamo sofreram agressões físicas quando foram a sede nacional para pedir um encontro com o presidente do partido”, declarou à Lusa Sérgio Matsinhe, advogado do grupo, após a submissão da providência cautelar ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo.

Em causa estão desavenças internas naquela força política, com um grupo de ex-guerrilheiros a exigir a realização do Conselho Nacional para eleição de uma nova direção, considerando que os resultados do partido nas últimas eleições revelam “incompetência e má gestão”.

Em meados de dezembro, o grupo de ex-guerrilheiros e os membros da segurança do líder da Renamo, Ossufo Momade, envolveram-se em episódios de pancadaria, um dia após os ex-combatentes tentarem encerrar as instalações do partido em vários pontos do país, incluindo a sede nacional, em Maputo.

Na providência cautelar, além de se queixarem de agressões físicas, os ex-guerrilheiros, que exigem a demissão de Momade, pedem também que a justiça moçambicana obrigue o partido a apresentar o relatório de contas e atividades.

A Renamo perdeu o estatuto da segunda força política mais votada nas eleições gerais de 09 de outubro, passando de 60 deputados, que obteve nas legislativas de 2019, para 28 parlamentares.

O Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), até agora extraparlamentar e que apoiou a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, ficou em segundo lugar ganhando estatuto de principal partido da oposição, com 43 deputados.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), no poder desde a independência, manteve-se com uma maioria parlamentar, com 171 deputados.

O líder da Renamo também foi candidato nas eleições gerais de 09 de outubro ao cargo de Presidente da República, obtendo 5,81% dos votos, o pior resultado de um candidato apoiado pelo partido que foi principal força de oposição em Moçambique desde as primeiras eleições, 1994.

Ossufo Momade, cuja liderança já tinha sido questionada em momentos anteriores, assumiu a presidência da Renamo após a morte do líder histórico e fundador do partido Afonso Dhlakama (1953–2018).

Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, foi eleito e tomou posse como quinto Presidente da República de Moçambique em 15 de janeiro.

Durante 16 anos, Moçambique viveu uma guerra civil, que opôs o exército governamental e a Renamo, tendo terminado com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em Roma, em 1992, entre o então Presidente Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, abrindo-se, assim, espaço para as primeiras eleições, dois anos depois.

PVJ (EAC) // VM

Lusa/Fim

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