Estima-se que uma área de 7.300 hectares, equivalente a mais de 10 mil campos de futebol, ainda precisa ser limpa em Angola. Um número crescente de mulheres está a trabalhar, ao lados dos homens, para eliminar as minas terrestres deixadas pela guerra civil.
Não há ninguém em Angola que não conheça alguém que não conheça alguma vitima de mina.
Quem pisa em Angola pela primeira vez se surpreende com o número de pessoas amputadas. Mas engana-se quem pensa que se trata de alguma enfermidade, decorrência de diabetes ou vítimas de atropelamentos e acidentes de carros.
Na verdade, ainda hoje angolanos morrem ou sofrem mutilações em consequência de milhões de minas terrestres e munições não detonadas remanescentes da guerra civil, que acabou em 2002.
O único levantamento nacional sobre o tema, realizado pelo governo angolano em 2014, registou que cerca de 88 mil pessoas viviam com ferimentos causados por minas terrestres no país.
Um legado de horror sem fim
Organizações como a International Campaign to Ban Landmines (Campanha Internacional para Proibir Minas Terrestres) afirmam que o número real pode ser ainda maior, já que não há monitoramento oficial contínuo das ocorrências.
As crianças são, muitas vezes, as principais vítimas. Há quatro meses, uma menina de seis anos foi morta e outras seis ficaram feridas em uma explosão na província do Moxico.
Segundo a mídia local, as crianças brincavam com uma bomba não detonada que encontraram em um campo sem saberem o que objecto era.
Nos termos do tratado da Convenção de Minas Antipessoal, o governo angolano se comprometia a concluir a desobstrução total do território até dezembro de 2013, mas o prazo original foi prorrogado e está actualmente definido para 2028.