O baixo poder aquisitivo do angolano se reflete no estado dos veículos que circulam pelo país. Devido à dificuldade de acesso a novos automóveis e às limitações econômicas de grande parte da população, a frota de carros impressiona pelo longo período de utilização e manutenção deplorável.
Essa predominância de veículos mais antigos, rodando por Angola por períodos mais longos, traz desafios em termos de segurança, eficiência energética e emissões, que são questões relevantes na agenda de modernização do parque automóvel angolano.
Um agravante é que a fiscalização de agentes de trânsito deixa muito a desejar. Em Luanda, por exemplo, veículos trafegam com lataria amassada, com parachoques pendurados, pneus meia-vida, sujeitos a panes mecânicas que tornam o trânsito, sem a devida sinalização, ainda mais caótico. Oficinas mecânicas lucram para fazer reparações e manter os veículos nas ruas.
A maior parte dos veículos em circulação hoje em Angola é de modelos usados, importados na sua maioria da Ásia, num mercado relativamente pequeno para a indústria automóvel, especialmente se comparado a outros países africanos maiores como África do Sul e Nigéria.
Estudos indicam que a idade média da frota de veículos em países africanos com perfil semelhante ao de Angola pode ultrapassar os 15 anos, com algumas estimativas chegando a 20 anos ou mais.
No entanto, a péssima infraestrutura rodoviária e a fraca capacidade de renovação da frota ainda representam desafios para Angola, fazendo com que a idade média dos veículos seja muito alta.
Índia supera China como maior fornecedor
Ano passado, a Índia tornou-se no maior fornecedor de carros novos e usados de Angola, destronando o mercado chinês que em 2022 foi o grande abastecedor do país. Em 2023, para cada 10 carros novos e usados que entraram em Angola, três vieram da Índia.
De acordo com dados da Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola (ARCCLA), em 2023 foram importadas 35.054 viaturas novas e usadas, um aumento de 7,5% face a 2022, quando foram importados 32.619 veículos.
Dessas 35.054 viaturas importadas, vieram 10.167 carros da Índia, o equivalente a 29,0% do total de automóveis que entraram nos portos angolanos.
Por outro lado, durante o ano de 2023, a quota de veículos automóveis com origem na China representou 25,0%, com um total de 8.752 unidades. Contas feitas, quase três em cada 10 carros novos e usados, importados no ano passado, vieram da China o que atira o gigante asiático para o segundo plano de fornecedores de veículos automóveis para Angola.
Embora não haja números oficiais consolidados, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020 a estimativa era de que Angola possuía aproximadamente 1 milhão de veículos em circulação.
Frota velha aumenta mortes no trânsito
Todos os anos morrem milhares de pessoas nas estradas angolanas e outras ficam com mobilidade reduzida para toda a vida. Segundo dados oficiais, o fenômeno da sinistralidade rodoviária só é ultrapassado pela malária no ranking de causas de morte em Angola
O País registrou, no período de 01 de Janeiro a 31 de Dezembro de 2023, um total de 14.429 acidentes de viação, de que resultaram 3.121 mortes e 17.902 feridos. Os dados constam do Relatório sobre Sinistralidade Rodoviária referente a 2023.
Os principais indicadores de sinistralidade rodoviária, comparativamente a 2022, registaram um acréscimo no número de acidentes (+1.069), mortes (+122) e feridos (+2.209), na ordem dos 8%, 4% e 14%, respectivamente.