Em Angola, é triste a constatação de que menos de 40% das crianças dos 12 aos 23 meses têm a cobertura vacinal completa contra todas as principais doenças infantis (BSG, Poliomielite, Sarampo e DTP). Segundo recomendação da OMS, todas as crianças devem ser vacinadas antes de completarem os 12 meses.
Tão alarmante quanto é o dado que um total de 43% da população infantil não recebeu nenhuma dose de vacina em 2021 (último registro disponível da Unicef/OMS). O país lidera em nível mundial a disparidade da vacinação entre menores que vivem na cidade e os que moram no campo. No meio rural, 50% das crianças nunca foram imunizadas.
No ano passado (2023), diante da impotência das autoridades de saúde do país, apenas 45% das crianças receberam a vacina contra o sarampo, colocando Angola entre os países com menor cobertura contra a doença no mundo. No mesmo ano, o índice global de imunização contra o sarampo foi de 83%.
Os números da nossa indigência na área da saúde não param por aí. A taxa de cobertura da vacina DTP _– contra difteria, tétano e coqueluche — foi de apenas 45%, segundo os dados mais recentes da OMS (2021), o nível mais baixo desde 2001.
A baixa taxa de cobertura, combinada com o índice relativamente alto da população, resultou em mais de 707.000 crianças sub-imunizadas e mais de 500.000 crianças sem nenhuma dose. Os dados são de estudos da OMS/UNICEF relativos à cobertura de vacinação infantil.
A vacinação constitui a primeira linha de defesa contra vários tipos de doenças infecciosas. Uma criança não vacinada pode enfrentar graves problemas, incluindo doenças potencialmente não tratáveis que podem ser mortais.
60% do território é coberto por unidades que oferecem serviços de vacinação
Conforme dados da UNICEF, “o sistema de saúde de Angola é composto por 3.325 unidades de saúde, com 2.087 implementando o Programa Essencial de Imunização (PEI), o que significa que apenas 60% do território de Angola é coberto por unidades de saúde que oferecem serviços de vacinação às comunidades”.
Lamentavelmente, Angola é um dos países com mais baixo desempenho do PEI em todo mundo. A baixa taxa de cobertura, combinada com o índice relativamente alto da população, resultou no ano passado (2023) em mais de 707.000 crianças sub-imunizadas e mais de 500.000 crianças sem nenhuma dose. Isso sugere uma necessidade urgente de fortalecer plenamente o PEI e implementar estratégias de vacinação de recuperação em Angola.
Uma vergonha insuportável
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), Angola tem taxa de mortalidade infantil até cinco anos de 69 crianças por cada mil nascimentos. A média mundial de mortalidade de crianças até esta idade é de 38 por cada mil nascimentos, o que significa que a média mundial de mortes de crianças até 5 anos é 45% menor do que a de Angola.
Um importante e histórico estudo publicado pela revista The Lancet revela que os esforços globais de vacinação salvaram cerca de 154 milhões de vidas – ou o equivalente a 6 vidas a cada minuto de cada ano – nos últimos 50 anos. A grande maioria das vidas salvas – 101 milhões – foi de crianças.
O estudo, liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra que a vacinação é a maior contribuição de qualquer intervenção de saúde para garantir que os bebés não vejam apenas os seus primeiros aniversários, mas continuem a levar vidas saudáveis até a idade adulta.