WASHINGTON/BRUXELAS (Reuters) – México, Canadá e União Europeia condenaram nesta terça-feira a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas sobre todas as importações de aço e alumínio, uma medida que alimentou o temor de uma guerra comercial.
Trump assinou proclamações no final da segunda-feira, elevando as tarifas dos EUA sobre o alumínio para 25% em relação à taxa anterior de 10% e eliminando exceções de países e acordos de cotas, bem como centenas de milhares de exclusões tarifárias específicas de produtos para ambos os metais.
As medidas, que entrarão em vigor no dia 12 de março, serão aplicadas a milhões de toneladas de aço e alumínio importados de Canadá, Brasil, México, Coreia do Sul e outros países que estavam entrando nos EUA com isenção de impostos sob as exceções.
O ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, disse nesta terça-feira que a decisão tarifária é “injustificada” e “injusta”.
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, classificou as tarifas como “inaceitáveis”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, juntou-se à condenação, dizendo que o bloco de 27 nações tomará “contramedidas firmes e proporcionais”. Von der Leyen se reuniu com o vice-presidente dos EUA, JD Vance, em uma cúpula sobre inteligência artificial em Paris nesta terça-feira.
A medida simplificará as tarifas sobre os metais “para que todos possam entender exatamente o que isso significa”, disse Trump aos repórteres. “São 25% sem exceções ou isenções. Isso vale para todos os países, não importa de onde venham, todos os países.”
Trump afirmou que, nos próximos dois dias, anunciará tarifas recíprocas sobre todos os países que impõem taxas sobre produtos norte-americanos e disse que também estava analisando tarifas sobre carros, semicondutores e produtos farmacêuticos.
Perguntado sobre as ameaças de retaliação de outros países contra suas novas tarifas, Trump declarou: “Não me importo”.
PRONTA PARA RETALIAR
Em números que provavelmente irritarão ainda mais Trump, o superávit comercial da Alemanha com os EUA atingiu um nível recorde no ano passado de 70 bilhões de euros (US$72,3 bilhões), de acordo com dados do escritório de estatísticas alemão.
A chefe da Comissão Europeia Von der Leyen disse que lamenta profundamente a decisão dos EUA, acrescentando que as tarifas são impostos que são ruins para os negócios e piores para os consumidores. As exportações de aço da UE para os EUA atingiram uma média de cerca de 3 bilhões de euros (US$3,1 bilhões) por ano na última década.
“Tarifas injustificadas sobre a UE não ficarão sem resposta — elas desencadearão contramedidas firmes e proporcionais. A UE agirá para salvaguardar seus interesses”, disse ela em um comunicado.
Uma opção para a UE seria reativar as tarifas que impôs em 2018 e que foram suspensas sob uma trégua acordada entre Von der Leyen e o então presidente dos EUA Joe Biden.
As tarifas da UE sobre produtos dos EUA, como bourbon, motocicletas e suco de laranja, estão suspensas até o final de março.
A Câmara norte-americana de Comércio para a UE (AmCham EU), que representa as empresas dos EUA ativas na Europa, também criticou a medida por considerá-la prejudicial aos empregos, à prosperidade e à segurança em ambos os lados do Atlântico.
“O dano se estenderá além dos setores de aço e alumínio, impactando todas as empresas que dependem desses materiais em toda a cadeia de suprimentos”, acrescentou em um comunicado.
(Reportagem de Steve Holland, Andrea Shalal, Jeff Mason e David Lawder)
Por Steve Holland e Philip Blenkinsop
Reuters