Luanda, (Lusa) – O Tribunal da Comarca de Luanda absolveu hoje os oito estudantes detidos no sábado durante uma marcha pela melhoria da qualidade de ensino, devido a “falta de provas” do crime de que eram acusados, disse um responsável estudantil.
A informação sobre a última decisão do Tribunal de Luanda foi transmitida pelo vice-presidente do Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), Joaquim Lutumbi, um dos estudantes detidos no sábado, garantindo que a luta por um ensino melhor e pelo direito à educação vai continuar.
“Estamos agora soltos depois de alguns dias presos pela polícia, mas a nossa luta pelo direito à educação tem de continuar. Esta nossa detenção motivou-nos cada vez mais a lutar, porque as condições das nossas escolas, a falta de professores, a falta de carteira, de material de ensino continuam”, disse Lutambi à saída do tribunal.
Segundo o vice-presidente do MEA, a “falta de provas do crime” de desobediência às autoridades de que os estudantes eram acusados concorreu para a sua liberdade, acusando o instrutor do processo de “incompetência”.
“Felizmente o tribunal e o juiz entenderam a incompetência do instrutor processual, que não teve como montar as mentiras que nos queriam incriminar e o meritíssimo juiz, então, nos mandou em liberdade por não existirem elementos de prova para nos incriminar”, referiu o estudante.
Joaquim Lutambi, que com mais sete estudantes foram hoje julgados sumariamente, após serem detidos no sábado, em Luanda, garantiu ainda “luta contínua por justiça e pelo direito à educação”.
“Estamos firmes da luta por justiça, da luta pelo direito à educação e não será a polícia a impedir o exercício do direito de reunião e de manifestação”, assegurou.
Pelo menos 60 jovens foram detidos no sábado durante uma marcha em defesa da educação e de melhores condições nas escolas públicas em Luanda, sendo que grande parte foi colocada em liberdade no mesmo dia e apenas oito foram mantidos em prisão e julgados hoje.
Além dos estudantes, foram também detidos ou intimidado pela polícia quando faziam a cobertura da manifestação quatro jornalistas angolanos, que se queixaram de ter sido obrigados a entregar os telemóveis para serem inspecionados.
A sessão de julgamento de hoje foi ainda marcada por um forte aparato policial, sobretudo no exterior do tribunal, como contou à Lusa o ativista Osvaldo Caholo, que acorreu ao local em solidariedade com os estudantes detidos e disse ter sido “intimidado” pela polícia.
A Lusa voltou a contactar a Polícia Nacional de Angola, mas não obteve esclarecimentos sobre as detenções de estudantes e jornalistas até ao momento.
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