Angola conta actualmente com 6.400 médicos para uma população de cerca de 28 milhões de habitantes.
Ao todo, em Angola há apenas um médico do Serviço Nacional de Saúde por 5.485 habitantes, o que contraria as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), que aponta a 1.000 habitantes para cada médico.
Angola perde na comparação com outros parceiros da CPLP como Portugal, onde existe um médico do SNS por cada 457 habitantes, ou até Cabo Verde, que tem um médico para cada 1.598 habitantes.
Pior só mesmo Moçambique, que tem um profissional de saúde por cada 11.290 pessoas. O atual índice brasileiro de 2,6 médicos por 1.000 habitantes já é compatível com o de países como Estados Unidos (2,6), Canadá (2,7), Japão (2,5) e Coreia do Sul (2,5), além de ser maior que o do Chile (2,2), da China (2) e da África do Sul (0,8).
Dados do ano passado, da Ordem dos Médicos de Angola, indicam que existem no país actualmente 10.683 médicos, sendo que 1.513 são estrangeiros.
Faltam médicos, funcionários e informação
Deste total o Serviço Nacional de Saúde tinha nos seus quadros 5.914 médicos, de acordo com o documento que já foi apreciado em Conselho de Ministros em outubro de 2023. Assim, apenas 55% dos médicos inscritos na ordem estão no Serviço Nacional de Saúde.
A média de formação de médicos nas nove faculdades de medicina que existem no país estão em torno de 500 por ano, processo de formação muito aquém daquilo que o país precisa.
Aliada a essa carência e para piorar a situação há uma ausência gritante de dados oficiais regulares e confiáveis. O sistema de saúde não é feito, obviamente, só de médicos. Segundo reconhece o próprio Governo no Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitária (PNDS) 2012-2025 não existe um subsistema de informação com registo dos RH em Angola. Por esse motivo, não se conhece o numero de trabalhadores seja por área geográfica, por unidade sanitária, por categoria, por anos de serviço idade e sexo. Em resumo, não se conhece nada! Como ter e executar um planejamento eficaz dos recursos humanos em saúde. Uma catástrofe sem um fim à vista!