Luanda – Na semana que hoje termina, Angola viveu um momento histórico que marcou e orgulhou o país, mesmo aos mais cépticos ou incrédulos na visita do Presidente norte-americano, Joe Biden.
Ainda na ressaca deste momento ímpar para o país, é quase unânime afirmar que, apesar de Biden estar em fim de mandato, a sua visita ultrapassou as expectativas por variados motivos, desde políticos económicos, diplomáticos e históricos.
A aterrizagem do Air Force One no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, para ver sair dele o primeiro Presidente norte-americano a pisar solo da pátria de Neto prendeu milhares de angolanos à frente dos ecrãs dos televisores.
Era real. Biden desembarcava em Luanda, bem disposto e sem receios de qualquer tipo de estereótipos, com todo o poder na bagagem que caracteriza os Presidentes dos EUA, ele que horas antes indultara o filho dos crimes de que era acusado.
Veio acompanhado de membros do Congresso (Parlamento dos Estados Unidos), altos funcionários da sua Administração e líderes empresariais e cívicos americanos.
Foi com “as mãos sobre mãos” que os dois Presidentes se saudaram à chegada de Biden ao Palácio Presidencial, num clima que mais se parecia de festa do que de parceiros a tratarem de negócios.
Após a entoação dos hinos nacionais com o norte-americano a tocar pela primeira vez no Palácio Presidencial, os dois estadistas discursaram na abertura das convenções oficiais e Biden deixou frases emblemáticas, para simbolizar a grandeza da ocasião.
“Obrigado por me receber aqui, hoje. Digo isso com toda a sinceridade”, ou então
“obrigado por estar disposto a me receber, disposto a falar comigo. E espero um relacionamento longo”.
A esperança de Biden numa Angola próspera ficou expressa na profética frase “O futuro do mundo está aqui em África, em Angola”.
Fez história na história
Se a visita de Joe Biden é um momento histórico, o 46º Presidente dos EUA fez igualmente história quando se deslocou ao Museu da Escravatura, para relembrar o vínculo entre os dois países estabelecido durante os 500 anos de escravatura.
Não há memória de um gesto tão nobre para com os filhos de Angola que ajudaram a construir a Nação do Tio Sam, e a todos ficou o lembrete de que afinal o que nos une é mais forte do que o que nos separa, mau grado a fratricida guerra fria.
“Nesse tempo, aprendi muito. Talvez, mais importante, aprendi que, embora a História possa ser escondida, ela não pode e não deve ser apagada. Deve ser enfrentada. É nosso dever enfrentar nossa história: o bom, o ruim e o feio — toda a verdade. É isso que grandes nações fazem”, afirmou na sua comovente alocução do Museu.
“É por isso que escolhi falar aqui no Museu Nacional da Escravatura hoje”, disse.
Outro momento hilariante que ficará na memória de todos foi a chegada de Biden à província de Benguela onde foi recebido com uma animada performance de música e dança tradicional pelo grupo folclórico local Bimbas das Acácias.
As imagens que percorreram o mundo foram as de um Biden visivelmente impressionado e contagiado pela energia e pela autenticidade do bailado.
Ao som do batuque e outros instrumentos que retratam o rico legado cultural do país, viu-se o Presidente do país mais poderoso do mundo a tocar batuque e a acompanhar o ritmo com leves movimentos, que fizeram parecer que estivesse realmente a dançar.
Foi no significado destes gestos, no apertar das mãos e no toque às costas do seu homólogo João Lourenço, enquanto caminhavam, que ficou selado um compromisso para a história, não fossem os vários acordos assinados pelos dois países até sexta-feira, para lá de tudo que já se disse do Corredor do Lobito.
E no final a promessa do Presidente Joe Biden voltar a Angola.
Ficou certo de que estávamos perante o coroar de uma longa e bem conseguida jornada da diplomacia angolana, que abriu caminho para o investimento e a olhar para frente.
Ao empresariado nacional ficou o alerta para preparar-se, aproveitar as oportunidades, celebrar parcerias, porque o executivo angolano colocou a diplomacia económica no topo da agenda da sua política externa.
Ao contrário, quem não entrar na locomotiva do desenvolvimento e da prosperidade será esquecido pela história.
ANGOP