União Africana pede retirada imediata do M23 em RDCongo

Adis Abeba, (Lusa) – O comissário da União Africana para os assuntos políticos, paz e segurança apelou à retirada do movimento rebelde M23 das áreas ocupadas na República Democrática do Congo (RDCongo) e a um diálogo inclusivo entre todas as partes intervenientes no conflito.

Numa conferência de imprensa à margem da 38.ª cimeira dos chefes de Estado e do governo da União Africana, que decorre na capital etíope, Adis Abeba, Bankole Adegboyega Adeoye fez um ponto de situação sobre os vários conflitos em curso no continente, em particular na RDCongo, Sudão, Sahel, Líbia e Moçambique, salientando que a União Africana (UA) “não está ausente” da procura de soluções para os conflitos.

Exprimiu uma grave preocupação com a situação na RDCongo apelando à imediata retirada do M23 das áreas ocupadas e do aeroporto de Goma, no leste do país, para que esta nova escalada não se torne um conflito regional, com impacto nas atividades humanitárias e no já frágil tecido social do país.

“A única solução para este problema é que todas as partes se sentem à mesa e a UA está disponível para assumir esse papel de mediação sob o chapéu do processo de Luanda”, afirmou, considerando “crítico” que os líderes africanos enfatizem o que é fundamental para cada estado-membro da UA: preservação e respeito total da união política e integridade territorial da RDCongo.

“Esta é a mensagem e é consistente desde o Sudão à RDCongo (…) não queremos uma balcanização do Sudão e não queremos uma balcanização da RDCongo”, frisou.

O responsável disse que os líderes africanos concordaram que os processos de Nairobi e de Luanda, no sentido de acabar com o conflito entre a RDCongo e o Ruanda (que as autoridades congolesas acusam de apoiar o M23) continuam a ser a melhor forma de diálogo.

Apelou também “a todas as partes que abracem a reconciliação e diálogo” e acrescentou que a UA deu luz verde para adotar na integra as decisões da Cimeira Regional Extraordinária Conjunta entre os Chefes de Estado da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e da Comunidade da África Oriental (EAC) que ocorreu em 08 de fevereiro.

O comissário da UA afirmou que é necessário caminhar no sentido de desmobilização e integração das forças que permanecem ativas e no sentido de um “diálogo extensivo e inclusivo” para acabar com a crise, pedindo que se olhe também para o papel desempenhado pela exploração ilegal dos recursos mineiros e dos mercenários.

O conflito na RDC agravou-se nos últimos meses com os rebeldes da M23, apoiados pelo Ruanda, a ocupar a capital da província do Kivu Norte, Goma, aumentando as preocupações com um conflito regional.

Os processos de Luanda e de Nairobi que têm sido conduzidos pelo presidente de Angola, João Lourenço, e pelo ex-presidente do Quénia Uhuru Kenyatta, referem-se a iniciativas diplomáticas para uma resolução pacífica do conflito.

Na conferência de imprensa, Bankole Adegboyega Adeoye disse que não foi esquecida a situação em Cabo Delgado e que estão a seguir as questões de violência política pós-eleitoral em Moçambique ocorridas em outubro de 2024.

“Estamos a trabalhar de perto com o governo moçambicano para encontrar soluções sustentáveis para estes desafios”, adiantou.

O responsável apontou também as várias transições pacíficas que têm tido lugar no continente, citando os casos de quatro países: Gana, Botsuana, Senegal e Maurícias.

“Isto devia estar nas notícias para mostrar que nem tudo é mau na paz e segurança no nosso continente”, reforçou.

RCR // EA

Lusa/fim

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