União Africana: Presidência de Angola com foco na paz e no desenvolvimento sustentável

Luanda – A presidência de Angola na União Africana (UA) vai potenciar a resolução de conflitos e o desenvolvimento sustentável de África, através de políticas e planos que beneficiem o continente, segundo o ministro das Relações Exteriores, Tête António.

Numa entrevista à ANGOP, cuja íntegra será publicada este domingo, o chefe da diplomacia angolana afirma que a presidência rotativa da União Africana, a partir deste mês de Fevereiro, é uma “oportunidade única” para Angola trabalhar com os demais países do continente na busca de soluções para a pacificação e estabilização política e social de África.

Realça que há uma forte intenção de o país mostrar o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a unidade entre as nações africanas, com iniciativas focadas na educação, na saúde e na redução da pobreza, para a melhoria da qualidade de vida dos africanos.

“A oportunidade de Angola liderar a organização continental pela primeira vez, especialmente no ano que marca o 50º aniversário de sua independência, é um profundo momento de orgulho e reflexão”, salienta, frisando que o país espera ser “um farol de esperança e progresso”, com um “compromisso inabalável” com o futuro de África.

Considera que o papel de liderar a organização continental durante um aniversário tão significativo também traz uma camada emocional, pois serve como prova dos avanços que o país fez desde a conquista da sua independência, fornece uma plataforma para demonstrar o compromisso com a unidade africana, para impulsionar iniciativas que promovam o desenvolvimento sustentável e a paz em todo o continente.

Angola, sublinha o ministro, perspectiva promover a paz e a segurança em toda África, alavancando a sua experiência histórica em mediação e resolução de conflitos, o que inclui a abordagem dos conflitos em curso em regiões como a dos Grandes Lagos, Sahel e Corno de África, defendendo o diálogo e a negociação, em vez de soluções militares.

Em defesa do multilateralismo

O titular da pasta da diplomacia angolana observa que Angola defende a cooperação multilateral, por entender que os desafios enfrentados por África exigem soluções colectivas, razão pela qual trabalhou em estreita colaboração com parceiros internacionais e países vizinhos para desenvolver estratégias abrangentes para a paz e o desenvolvimento no contente.

Relativamente à reforma das Nações Unidas, outro tema abordado na entrevista, o ministro destaca que Angola reconhece essa necessidade premente, particularmente no que diz respeito à composição e à configuração do Conselho de Segurança, visando uma representação mais inclusiva dos países africanos, para se pôr fim à injustiça histórica da falta de assentos permanentes para África.

“Angola alinhará os seus esforços com o Consenso de Ezulwini e a Declaração de Sirte, que propõem a alocação de dois assentos permanentes e três assentos não permanentes adicionais para África no Conselho de Segurança”, afirma.

Para o efeito, enfatiza, Angola pretende colaborar com parceiros regionais e internacionais para mobilizar uma coligação de países que apoiam a agenda de reformas, a participação em fóruns e conferências focadas na reforma da ONU.

A ideia é, segundo o ministro, aumentar a consciencialização sobre a importância da representação equitativa para as nações em desenvolvimento e pressionando por uma reavaliação da estrutura actual do Conselho de Segurança.

Tête António diz que, no plano multilateral, a abordagem pragmática de Angola, aliada à sua disposição para apoiar iniciativas de desenvolvimento económico e social, propiciando o desenvolvimento sustentável e a inclusão económica, pode ajudar a criar um ambiente mais propício para a redução de tensões, através da abordagem das causas subjacentes dos conflitos, criando assim uma base mais sólida para a paz duradoura.

No entanto, reconhece que Angola poderá enfrentar desafios significativos, como a resistência interna e externa de actores políticos e militares que podem opor-se às iniciativas de paz por interesses próprios, assim como as complexas dinâmicas regionais, como rivalidades históricas e questões fronteiriças, que podem dificultar os esforços de mediação.

Outro desafio, na óptica do governante, é a falta de recursos e de infra-estruturas adequados para implementar e sustentar soluções de longo prazo, bem como a dinâmica internacional e a influência de potências externas, que podem complicar ainda mais a situação, exigindo uma diplomacia hábil e uma abordagem estratégica sólida de Angola para superar esses obstáculos.

Por outro lado, o interlocutor da ANGOP afirma que, durante o seu mandato, Angola vai priorizar o desenvolvimento económico e a integração entre as nações africanas, pelo que enfatizará a implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), que visa impulsionar o comércio intra-africano e a colaboração económica.

Questionado sobre que papel poderia jogar o Corredor do Lobito neste processo, o ministro responde que o corredor é uma infra-estrutura vital que visa melhorar a conectividade e o comércio entre Angola e outros países africanos.

Ao melhorar as ligações de transporte, explica, vai facilitar a circulação de bens e serviços, impulsionando, assim, o comércio intra-africano, que é um objectivo primordial da ZCLCA.

“O Corredor do Lobito alinha-se com os objectivos da Zona de Comércio Livre Continental Africana, que visa aumentar o comércio intra-africano.

Ao melhorar a conectividade e apoiar o movimento de mercadorias através das fronteiras, o corredor pode ajudar a maximizar os benefícios da ZCLCA para todos os países participantes, sublinha.

Refere que Angola tem trabalhado diligentemente para garantir que a sua máquina governamental e diplomática seja ajustada, para atender e superar os desafios futuros, daí que, à medida que se aproxima a presidência da União Africana, haja uma sensação de optimismo e prontidão dentro do país, ressaltando o seu compromisso em cumprir as expectativas de outras nações africanas.

Em resumo, salienta, os africanos podem esperar uma presidência caracterizada por um compromisso com a governação colaborativa, a construção da paz e o empoderamento económico, enquanto reconhecem a rica história e o potencial do continente.

“A nação envolveu-se em extensas actividades preparatórias, incluindo planeamento estratégico e consultas com os principais parceiros africanos, para garantir que possa contribuir efectivamente para os objectivos gerais da União Africana durante seu mandato”, conclui o ministro das Relações Exteriores.

ANGOP

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