Luanda, (Lusa) – A UNITA, maior partido da oposição angolana, disse hoje que os recorrentes surtos de cólera em Angola devem-se à “inversão gritante de prioridades em saúde”, investindo-se mais no sistema terciário que nos cuidados primários.
A posição da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), através do seu governo sombra, vem na sequência do surto de cólera que teve início na província de Luanda, chegando já às províncias de Icolo e Bengo e Bengo, com um resultado, desde 31 de dezembro, de 18 óbitos, num total de 224 casos, com 32 confirmados.
A situação, segundo a nota, está a ser acompanhada “com enorme preocupação”, frisando que os dados oficiais refletem o rápido progresso do surto e disseminação da doença.
“O governo sombra da UNITA lamenta profundamente o facto de, apesar de estarmos há pouco menos de cinco anos para o fim da Agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), em que Angola é subscritora, ainda se registam casos de cólera no país, doença considerada como consequência do mau saneamento do meio e da extrema pobreza, dando sinais que o país está de marcha contrária em relação aos compromissos internacionais”, salienta-se na nota.
A UNITA realça que o país registou há oito anos o último surto de cólera, que afetou as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire, com um total de 252 casos e 11 mortes, entre 2016 e 2017, “facto que reflete regressão acentuada da qualidade de vida das famílias nos últimos anos e consequente desestruturação do tecido social a nível das comunidades, aspeto que contraria os ODS”.
Às famílias atingidas, o governo sombra da UNITA apela à observância rigorosa das medidas de biossegurança orientadas pelas autoridades sanitárias.
“O governo sombra da UNITA entende que os surtos recorrentes de cólera são a consequência direta da inversão gritante de prioridades em saúde, sendo notórios maiores investimentos na rede terciária de saúde em detrimento dos cuidados primários de saúde”, destaca-se no documento, observando que o surto coincide com uma quebra no fornecimento de água nestas zonas afetadas, que já dura há mais de três meses.
Para a UNITA, “o país precisa urgentemente de um novo paradigma face às condições precárias em que vive a grande maioria da população residente em zonas suburbanas”, exortando o Governo angolano a reformular com urgência um plano que garanta distribuição de água potável à população, “pois, a água é o recurso natural que mais abunda em Angola”.
“É urgente que se façam maiores investimentos em saneamento nos grandes centros urbanos e não só”, apelou a UNITA, citando ainda outras medidas, como o fortalecimento do combate à carência nutricional “que atualmente devasta a grande maioria da população vivendo em zonas de risco”.
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