Manhiça, Moçambique, (Lusa) – A autarquia da vila moçambicana Manhiça, a 70 quilómetros de Maputo, sul de Moçambique, precisa de cerca de 260 milhões de meticais (3,8 milhões de euros) para a reconstrução das infraestruturas afetadas nas manifestações pós-eleitorais, segundo o autarca.
“Nós precisamos de cerca de 260 milhões de meticais para a reconstrução dos edifícios”, disse hoje à Lusa Luís Munguambe, apontando ainda a necessidade de compra do equipamento destruído ou roubado, incluindo as sete viaturas do município queimadas para reconstrução da vila mocambicana.
Em causa está a tensão social pós-eleitoral que dura há mais três meses, na sequência das eleições gerais de 09 de outubro em Moçambique.
Segundo o autarca, desde o início dos protestos, foram destruídos “praticamente” todos os edifícios da vila e, até ao momento, não existe ainda o orçamento para reparação dos danos.
Por outro lado, o presidente da Associação Nacional dos Municípios de Moçambique, João Ferreira, citado hoje pela comunicação social, afirmou que Manhiça foi a autarquia mais afetada pelas manifestações no país.
“Este é o município com mais danos. É o município que merece cada vez mais a nossa atenção”, disse Ferreira.
A Lusa noticiou, em 30 de janeiro, que pelo menos uma pessoa morreu na vila da Manhiça em confrontos entre manifestantes e a polícia, que levaram ainda à destruição e saque da casa do autarca local.
Os manifestantes, num dos focos de conflito nesta vila a norte de Maputo, queimaram pneus na estrada Nacional 1, levando a confrontos com a polícia, que por sua vez recorreu a disparos para tentar desmobilizar.
De acordo com Luis Munguambe, a sua casa foi saqueada e destruída noutro foco destes confrontos, motivados pela detenção de um manifestante, incluindo três viaturas e duas motorizadas que estavam no interior.
Moçambique vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro.
Os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.
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