FRANKFURT (Reuters) – A economia da zona do euro cresceu mais rápido do que o esperado no primeiro trimestre, começando 2025 com um leve tom positivo antes que a guerra comercial com os Estados Unidos, uma moeda em alta e a deterioração da confiança empresarial a enfraqueçam, mostraram dados nesta quarta-feira.
A zona do euro quase não cresceu nos últimos anos, uma vez que as empresas seguraram os investimentos e as famílias tentaram reconstruir a poupança perdida devido à inflação alta, colocando a Europa em desvantagem mesmo antes da mais recente escalada nas tensões comerciais.
Embora 2025 tenha sido visto há muito tempo como um ano decisivo sua recuperação gradual, a perspectiva mudou no “Dia da Libertação” do presidente dos EUA, Donald Trump, e as autoridades alertam que já foram causados danos permanentes à economia global, mesmo que haja uma eventual resolução das tensões.
As 20 nações que compartilham a zona do euro viram sua economia expandir 0,4% no primeiro trimestre, superando as expectativas de 0,2%, impulsionada pelo rápido crescimento da Espanha, informou a Eurostat.
Entretanto, a tendência subjacente foi significativamente mais fraca, uma vez que os dados foram distorcidos por uma expansão de 3,2% na Irlanda, impulsionada em grande parte pela atividade de grandes empresas estrangeiras sediadas no país por motivos fiscais.
A Alemanha, a maior economia da Europa, cresceu apenas 0,2%, enquanto a França cresceu 0,1% e a Itália 0,3%, sugerindo que, excluindo a Irlanda, o bloco estava crescendo perto dos 0,2% esperados pelos economistas.
Desde o final do trimestre, as perspectivas se tornaram significativamente mais sombrias.
Algumas das maiores empresas da Europa, como a Volkswagen e a Mercedes-Benz, emitiram alertas nos últimos dias de que as tarifas pesarão sobre os lucros, atrasarão as vendas e poderão reduzir os investimentos.
Enquanto isso, um importante indicador de confiança publicado na terça-feira mostrou forte queda, apagando qualquer expectativa de recuperação e colocando o indicador em uma tendência de queda após ter se mantido estável durante a maior parte de 2024.
O Banco Central Europeu já afirmou que, além da guerra comercial, a turbulência do mercado financeiro desencadeada pelas políticas dos EUA e a deterioração geral do sentimento prejudicarão o crescimento.
Porém, a expectativa era de que o bloco expandiria menos de 1% antes mesmo da bomba tarifária de Trump, o que sugere que qualquer outro grande dano o colocaria próximo de uma recessão.
Entretanto, a maioria dos economistas e autoridades diz que os EUA devem sofrer um impacto maior do que outras economias, criando um incentivo para que o governo Trump reduza suas políticas.
Embora o BCE tenha cortado as taxas de juros rapidamente para isolar o bloco e provavelmente volte a reduzi-las em junho, ele é relativamente impotente contra uma desaceleração tão ampla.
O aumento dos gastos fiscais do novo governo alemão com defesa e infraestrutura deve ajudar, mas isso levará tempo para ser implementado, o que sugere que pouco ou nenhum impulso fiscal é provável neste ano.
Um leve aspecto positivo das tensões comerciais é que os temores de inflação se dissiparam em grande parte. A queda dos preços da energia, o euro forte e o crescimento mais fraco provavelmente pressionarão os preços para baixo, dando ao BCE espaço para reduzir ainda mais os juros para apoiar a economia.
No entanto, isso aumenta o risco de que a inflação comece a ficar abaixo da meta de 2% do BCE, principalmente se a China, em grande parte excluída dos mercados dos EUA, começar a despejar seus produtos excedentes em outras economias.
(Reportagem de Balazs Koranyi)
Por Balazs Koranyi
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