Contraceptivos para países mais pobres estão travados em depósitos após cortes na ajuda dos EUA

LONDRES  – Contraceptivos que poderiam ajudar a evitar milhões de gravidez indesejada em alguns dos países mais pobres do mundo estão presos em depósitos devido aos cortes de ajuda dos EUA e podem ser destruídos, disseram duas fontes do setor de ajuda e um ex-funcionário do governo.

O estoque, mantido na Bélgica e em Dubai, inclui preservativos, implantes contraceptivos, pílulas e dispositivos intrauterinos, que juntos valem cerca de US$11 milhões, disseram as fontes à Reuters.

Está parado desde que o governo Trump começou a cortar a ajuda externa como parte de sua política “America First” em fevereiro, uma vez que o governo dos EUA não quer mais doar os contraceptivos ou pagar os custos de entrega, segundo elas.

Em vez disso, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) pediu à empresa contratada que gerencia sua cadeia logística de saúde, a Chemonics, que tentasse vendê-los, disseram duas das fontes.

Um memorando interno da Usaid, enviado em abril, dizia que uma quantidade de contraceptivos estava sendo mantida em depósitos e que deveria ser “transferida imediatamente para outra entidade para evitar desperdício ou custos adicionais”.

Um funcionário sênior do Departamento de Estado dos EUA disse à Reuters que nenhuma decisão havia sido tomada sobre o futuro dos contraceptivos. Eles não responderam a perguntas sobre os motivos pelos quais os contraceptivos estavam armazenados ou sobre o impacto dos cortes e atrasos na ajuda dos EUA.

Um porta-voz da Chemonics afirmou que não poderia comentar sobre os planos da Usaid, mas acrescentou que a empresa está trabalhando com clientes para fornecer ajuda que salva vidas em todo o mundo e que continuaria a apoiar as prioridades da cadeia logística de saúde global do governo dos EUA.

O estoque representa pouco menos de 20% do suprimento de contraceptivos comprados anualmente pelos EUA para doação no exterior, disse um ex-funcionário da Usaid à Reuters.

Vender ou doar os contraceptivos tem se mostrado desafiador, de acordo com o ex-funcionário da Usaid, embora as negociações estejam em andamento. Outra opção em pauta é a destruição, a um custo de várias centenas de milhares de dólares. Com o passar do tempo, a validade também se tornará um problema, declarou uma das fontes.

As fontes disseram à Reuters que um dos principais entraves é a falta de resposta do governo dos EUA sobre o que deve ser feito com o estoque.

Esse estoque era destinado, em grande parte, a mulheres vulneráveis na África Subsaariana, incluindo meninas jovens que enfrentam riscos maiores à saúde devido à gravidez precoce, bem como àquelas que fogem de conflitos ou que, de outra forma, não poderiam pagar ou ter acesso aos contraceptivos, acrescentaram as fontes.

(Reuters)

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