Maputo, (Lusa) – O presidente do principal partido da oposição no parlamento moçambicano (Podemos), reiterou hoje que há ainda muitos passos por percorrer para o alcance da liberdade efetiva e desenvolvimento do país, apesar dos 50 anos da independência nacional.
“Se nós ainda temos eleições nas quais lutamos, nos matamos inclusive, quer dizer que a liberdade de escolha ainda não está concluída. Se nós temos problemas, portanto, de desenvolvimento económico, quer dizer que a aceitação de todos em termos de ideia para o desenvolvimento do país ainda não está conseguida. Temos muitos outros passos para percorrer”, disse o Presidente do Podemos, Albino Forquilha, à sua chegada ao histórico estádio da Machava, onde decorrem as cerimónias dos 50 anos da independência de Moçambique.
Para o líder, a oposição moçambicana tem o dever de participar “efetivamente”, de modo a “apoiar naquilo que ainda falta por realizar”.
“Se nós participarmos conscientemente, como oposição, estaremos a contribuir para que o país consiga alcançar aqueles patamares que devia ter alcançado. De facto, faltam muitas coisas que temos que realizar como um país”, explicou.
Apesar dos desafios que o país ainda enfrenta, Forquilha afirmou que as celebrações da independência nacional “são para todos os moçambicanos” e não de um partido político.
“Quando começamos com o processo de luta armada, não estava lá um partido político, não havia uma ideologia, era mesmo a intenção dos moçambicanos de se libertar da terra e dos homens (…). Portanto, esta data é de todos nós. Aqueles que não participam, é a maneira que eles veem as coisas, mas nós entendemos que, com respeito ao Estado, temos que participar”, acrescentou.
Moçambique celebra hoje os 50 anos de independência, com a cerimónia principal, em Maputo, dirigida pelo Presidente da República, Daniel Chapo, e com a presença de 32 chefes de Estado, incluindo o de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
As cerimónias centrais vão decorrer no histórico Estádio da Machava, na capital moçambicana, local onde o primeiro Presidente do país, Samora Machel, proclamou a independência às primeiras horas de 25 de junho de 1975, após uma luta contra o regime colonial português que começou em 25 de setembro de 1964.
Além do discurso oficial do Presidente da República, a cerimónia inclui desfiles militares, momentos culturais, uma mensagem dos representantes dos cidadãos que completam 50 anos de idade (mesmo período da independência) e uma intervenção do líder do Podemos, enquanto maior partido da oposição.
São esperadas pelo menos 40.000 pessoas no estádio da Machava, que tem capacidade oficial para 45.000 pessoas, num evento marcado também pela chegada da chama da unidade, depois de percorrer todo o país, desde 07 de abril. A chama será utilizada nesse momento, pelo chefe de Estado, para acender a pira do estádio.
O Podemos, registado em maio de 2019 e que é composto por dissidentes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), viu a sua popularidade disparar desde o anúncio, a 21 de agosto de 2024, do apoio à candidatura de Venâncio Mondlane nas presidenciais, à luz de um “acordo político”.
O “acordo político” aconteceu pouco tempo depois de Mondlane ter a sua coligação (CAD) rejeitada pelo Conselho Constitucional por “irregularidades”.
Nas eleições de 09 de outubro, o Podemos, que nunca teve um deputado no parlamento desde a sua criação, tornou-se o maior partido da oposição em Moçambique, tirando um estatuto que era da Renamo desde as primeiras eleições multipartidárias, em 1994.
Em fevereiro deste ano, Venâncio Mondlane e o Podemos anunciaram o fim da relação, após acusações de que o partido adulterou o acordo político que existia entre as duas partes.
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