África Subsaariana representava 47% do número de deslocados em 2024

Genebra, Suíça, (Lusa) – A África Subsaariana tinha 38,8 milhões de deslocados internos em 2024, representando 47% do total global, sendo o Sudão e a República Democrática do Congo os países com maiores números regionais, segundo uma Organização Não-Governamental (ONG).

De acordo com o “Relatório Global sobre Deslocações Internas 2025” publicado hoje pelo Centro de Monitorização das Deslocações Internas (IDMC), uma ONG que faz parte do Conselho Norueguês para os Refugiados, a região “registou 19,3 milhões de deslocações internas em 2024”, o que totalizou em 38,8 milhões o número de deslocados na África Subsaariana.

“Alguns dos países com o maior número de pessoas deslocadas em resultado de conflitos e violência, incluindo a RDCongo, Moçambique, Nigéria e Sudão, também registaram deslocações significativas devido a catástrofes [naturais]”, explicou a entidade.

O Sudão é o país com uma das crises humanitárias “mais negligenciadas do mundo” e tinha 11,6 milhões de pessoas deslocadas no final de 2024 por causa da guerra civil que enfrenta desde 15 de abril de 2023.

Por sua vez, a República Democrática do Congo (RDCongo), nação vizinha de Angola, foi responsável por 6,2 milhões de deslocações internas associadas a conflitos e violência em 2024, o número mais elevado de que há registo no país, citou a ONG.

A Nigéria registou 295.000 deslocações associadas a conflitos e violência em 2024.

De acordo com a investigação, o número de deslocações internas associadas a catástrofes também atingiu o valor mais elevado de sempre em 2024, e muitos países registaram valores recorde.

Por exemplo, no Chade, as cheias provocaram mais deslocações em 2024 – cerca de 1,3 milhões de pessoas – do que nos últimos 15 anos, alerta-se no estudo.

Em Moçambique, o ciclone Chido atingiu uma população “já desenraizada pelo conflito e pela violência, prolongando a sua deslocação e atrasando a sua recuperação”, citou.

Segundo uma tabela do relatório, em Moçambique, mais precisamente em Cabo Delgado, no norte, 240.000 pessoas foram deslocadas internamente em 2024 por conflitos e violência e 585.000 por desastres naturais – 536.000 das quais devido ao ciclone Chido.

“No final do ano, mais de 718.000 pessoas viviam deslocadas em Moçambique”, referiu a entidade.

Apesar de 79% das deslocações provocadas pelo ciclone Chido terem sido em Moçambique, também o território ultramarino francês de Mayotte sofreu com esta catástrofe e registou cerca de 142.000 deslocações.

A ONG alertou que todos os anos “são gastos milhares de milhões de dólares em ajuda internacional às pessoas afetadas por deslocações internas, mas o financiamento humanitário tem vindo a diminuir e, pela sua natureza, destina-se apenas a prestar apoio temporário”.

A África Austral foi afetada pela pior seca do século e deixou cerca de 23 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar aguda.

Consequentemente, foram registadas 273.000 deslocações no Botsuana, Malaui, Zâmbia e Zimbabué, indicou.

Em Angola, país lusófono da África Austral, o relatório precisou que houve 85.000 deslocações internas devido a desastres naturais em 2024.

Esta é a décima edição do relatório, em que se estima que 83,4 milhões de pessoas estavam a viver deslocadas internamente no final de 2024, mais do dobro registado há dez anos, lamentou a ONG.

NYC // JMC

Lusa/Fim

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